Israel ou Terra Santa?

Foi a maior diferença que se ouviu em 8 dias de peregrinação pelos locais aonde Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou. Nos territórios de administração judaica, Israel é sempre o nome para referências locais; os territórios autónomos da Palestina preferiam, para os mesmos locais, a designação de Terra Santa. Da tradição cultural de cada um dos povos (judeus ou árabes) decorrem diferentes formas de fazer sociedade, com repercussões na organização pública, comercial e mesmo humana. Essas são, no entanto, diferenças visíveis em qualquer parte do mundo onde se instalem comunidades desses povos. Depois, o culto de cada uma das religiões gera consequências sociais (tempo para o descanso, costumes alimentares, expressões, símbolos e hábitos religiosos) que evidenciam a diferença de credos. Serão estas (três) particularidades de cada povo, que fazem duas numerosas comunidades com ligações culturais e religiosas a muitas outras partes do mundo, as responsáveis pelos conflitos internos daquele pedaço de terra entre o Jordão e o Mediterrâneo e que amplificam pelos quatro cantos do mundo. Não é, no entanto, o clima de conflito permanente aquele que se vive (ou que se vivia em Novembro último, quando por lá peregrinei) nessa Terra. Existe um número significativo de judeus e árabes moderados que afirmam, sem dúvidas entre as palavras que pronunciam, que os dois povos têm que dividir a Terra, prometida a uns e de herança para outros. Uma tarefa que se tem revelado impossível de concretizar, apesar do desenvolvimento de diferentes metodologias e do envolvimento da chamada Comunidade Internacional. Pena é que, para a definição de fronteiras e de novos rumos na história de cada um dos povos, não sejam chamados a expressar-se esses, os moderados. Pena maior que os cristãos na Terra Santa, uma margem minoritária de 2%, não sejam capazes de mediar conflitos que gerações solidificaram em vez de diluir. A verdade maior, depois de 8 dias na Terra Santa, é que foi naqueles locais, naquele rio, naquele mar que Jesus viveu. Foi nas margens daquele lago, que por ser tão imenso e tão importante se chama mar (de Tiberíades) que o Mestre ensinou, fez milagres e definiu uma nova humanidade para a sociedade que aponta para um sentido maior da existência mulheres e homens. Foi naquele território, em Jerusalém, a cidade que é capital há mais tempo na História e também a mais vezes destruída e de novo edificada por diferentes impérios, que Cristo foi julgado, morto e ressuscitado. Esse ambiente é evidente, para quem anda por onde Jesus andou. As pedras que se pisam podem não ser as mesmas. Mas o ambiente, o contexto é o mesmo. E percebe-se de imediato. Ajuda a leitura das passagens da Bíblia nos locais que lhes serviram de palco. Mas, é sobretudo pelo factor humano, pela transformação impostas pela mão do homem aos locais por onde andou que provocam, mesmo muitos anos depois, sintonias irreversíveis. No caso da Terra Santa, é evidente a mão de Deus pela presença de Jesus Cristo. Isso sente-se. É por isso que, mais do que fazer turismo, fazem-se peregrinações aos locais onde Cristo viveu. Sobretudo nestes dias, aqueles em que se vivem mistérios de morte e ressurreição que viraram a página da humanidade para “depois de Cristo”. Paulo Rocha – AE

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Agência ECCLESIA

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