Ao longo de muitos anos, várias foram as paróquias e movimentos que fizeram da terra de Jesus um destino obrigatório, mas as imagens de violência e o receio dos atentados tinham afastado, progressivamente, muitos cristãos. Desde o ano passado, contudo, os portugueses estão de regresso à Terra Santa e nem mesmo os últimos acontecimentos políticos, na região, afastam os peregrinos dos Lugares Santos. Francisco Moura, director do departamento de turismo religioso da Geotur, falou à Agencia ECCLESIA da grande aposta em Jerusalém. “2005 foi, definitivamente, o ano em que os peregrinos despertaram e tiveram oportunidade de regressar. Este é um destino único, com uma importância ímpar no turismo religioso”, explica. Em Portugal tem sido desenvolvido um trabalho de sensibilização junto das comunidades cristãs, que já levou milhares de fiéis até Israel e à Palestina, onde foi possível visitar os locais ligados ao nascimento do Cristianismo sem problemas de maior. Esse sucesso permitiu, segundo Francisco Moura, perspectivar o actual ano num clima de grande optimismo. “Em 2006, todos os que trabalham nesta área perceberam que iríamos viver o ano de Israel. Os peregrinos querem voltar e, nessa perspectivas, há imensos grupos de todo o país que vão viajar até à Terra Santa”, aponta. As recentes eleições em Israel e na Palestina geraram alguma “expectativa”, mas não há notas de desistências nem essas mudanças fazem desaparecer o optimismo junto dos operadores turísticos. As previsões apontam mesmo para uma resposta ao nível do Jubileu de 2000. Neste momento, mais de 90% dos portugueses que viajam até à Terra Santa o fazem através de pouco menos de uma dezena de agências especializadas neste nicho de mercado que é o turismo religioso. “É evidente que só há uma peregrinação se existir o acompanhamento de um sacerdote. A presença de um guia local faz parte da missão do agente de viagens, mas a presença de um director espiritual é indispensável, como complemento, para que o peregrino se sinta verdadeiramente em peregrinação, não numa simples viagem”, observa Francisco Moura. A importância destas peregrinações é testemunhada pelos vários apelos lançados por líderes cristãos, em especial o Patriarca Latino, de Jerusalém. A presença cristã é vista como um contributo essencial para a paz na região e mesmo nos períodos de maior tensão, as igrejas permaneceram abertas, sem controlo de polícia e em segurança, até porque a maior parte dos cristãos na Terra Santa são de origem árabe e dependem economicamente dessas peregrinações. Assim, já este Verão vários aviões fretados partem rumo aos Lugares Santos “porque as companhias que habitualmente transportam os peregrinos não dão resposta ao volume de viagens”, explica Francisco Moura. “Ir a Jerusalém é uma experiência única e, neste momento, há condições para viver em paz e serenidade uma peregrinação, sem quaisquer tipos de problemas”, assegura.