Diocese do Funchal cumpre a tradição da novena de preparação para o Natal
Encarnação, Madeira, 16 dez 2019 (Ecclesia) – A Diocese do Funchal celebra as Missas do Parto nos nove dias que antecedem o Natal, animadas em cada paróquia pelos respetivos sítios ou associações, com lideranças como as do “Pereirinha” que percorre a freguesia “toda a noite”.
“Levamos uma banda de música, andamos toda a noite, da oito da noite às oito da manhã e as pessoas aderem, colaboram, para ajudar a pagar a música”, conta à Agência ECCLESIA José Pereira, o “Pereirinha” como é conhecido na família desde o seu avô.
O sítio da Vargem é um dos que dinamiza a Missa do Parto na Paróquia da Encarnação, na Madeira, e “levam uma banda” para animar a Missa e o convívio que se segue.
“Barreiros também organiza mais ou menos como nós, saem uma hora mais cedo pelas casas e chegam cá às seis da manhã para ir à Missa. O Sítio do Covão também vem uma banda de música e anima”, descreve.
“É uma noite em grande”, afirma o Pereirinha, para quem o Natal é a época que mais gosta.
“Não vir à Missa do Parto e estar em casa a dormir, não é Natal para mim. Enche a alma”, afirmou.
Cecília Nunes Pereira é tia do Pereirinha, esteve “embarcada” na Venezuela durante 16 anos, mas o Natal “não lembrava” como na Madeira.
“Participar na Missa do Parto é uma alegria. Se não vier à Missa do Parto não é Natal”, disse à Agência ECCLESIA.
Cecília Pereira diz nem a chuva a afasta da Missa do Parto, para onde leva sempre “o sininho”, um dos vários instrumentos que acompanha o hino final destas Eucaristias que evoca a “Virgem do Parto”.
D. Nuno Brás presidiu à Missa do Parto no segundo dia da novena de preparação para o Natal na Paróquia da Encarnação, na Diocese do Funchal.
Na homilia da Missa, transmitida pelo canal internacional da rádio pública, saudou a comunidade madeirense na diáspora e disse aos participantes que as Missas do Parto devem ajudar cada um a ter o “coração disponível” para o acolher Jesus no Natal, a ponto de “mudar” a vida.
As Missas do Parto são uma tradição particular do Arquipélago da Madeira, um momento exclusivo para cantar versos populares, em honra da Virgem Maria e do Menino Jesus, alguns dos quais remontam aos primeiros povoadores do arquipélago.
Outro fenómeno que alimenta a tradição é a mesma estrutura da novena, com a invocação ao Espírito Santo, o canto da Ladainha, o retrato da Senhora e a missa, onde também são entoadas loas à Virgem, ao seu parto e à alegria do nascimento de Jesus.
Os cânticos permanecem os mesmos de pelo menos há um século, feitos em verso.
D. Nuno Brás, bispo do Funchal, preside a estas celebrações, pela primeira vez desde a sua chegada à diocese.
PR