História e devoção misturam-se no Santuário apostado em propor às crianças e jovens o culto a Nossa Senhora
Lisboa, 07 dez 2019 (Ecclesia) – O Santuário de Vila Viçosa, na Arquidiocese de Évora, vive anualmente uma festa particular com a celebração da Imaculada Conceição, “dia por excelência da padroeira”, numa devoção que não se restringe ao dia 8.
“O santuário é o epicentro da povoação. A sua dinâmica não se reduz ao dia 8 de dezembro, ao longo de todo o ano há peregrinos a pé de toda a região, até de Lisboa, com jovens universitários a caminho de Vila Viçosa”, disse à Agência ECCLESIA o padre Francisco Couto, pároco do santuário mariano.
“Portugal, se é livre e resiste à circunstância de manter a suas fronteiras é por ter a proteção de Nossa Senhora. No fundo, a aflição e preocupação perante a iminência de possíveis invasões de Portugal, leva a que D. João IV se ajoelhe perante Nossa Senhora e lhe deposite a coroa”, recorda por sua vez D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora e autor do livro «Nossa Senhora e a História de Portugal».
Para que a história não fique no passado, importa propor às novas gerações a devoção à Imaculada Conceição, assume o padre Francisco Couto, que tem procurado formar os paroquianos nesta tradição.
“Trabalhar com crianças, jovens e adolescentes e ajudá-los a descobrir a mensagem mariana e da Imaculada é um trabalho que realizamos sobretudo na catequese”, explica, recordando a “invasão de cerca de 500 crianças em idade escolar” no recinto do Santuário, naquilo que corresponde a um trabalho feito entre a paróquia e as escolas e educadores, relata.
Ao programa “tradicional” juntou-se a celebração da Santa Unção com doentes das paróquias vizinhas, “como sinal da mãe que acarinha”, explica o pároco e desde o dia 29 de novembro uma novena juntou os fiéis em torno de Nossa Senhora.
O Santuário de Vila Viçosa tem indulgência plenária, concedida pelo Papa Francisco por ocasião dos 200 anos da criação da Real Ordem da Imaculada Conceição de Vila Viçosa, que encerra este domingo o período iniciado a 25 de março.
O padre Francisco Couto dá conta da presença “quase todas as terras no Alentejo”, de uma capela ou oratório consagrado a Nossa Senhora da Conceição, tornando “por isso, mais difícil, a deslocação a Vila Viçosa”, uma vez que cada povoação elabora “o seu programa e celebração”.
Duas ocasiões convidam a Arquidiocese de Évora a peregrinar ao Santuário: “peregrinações de zona a pé até, com quatrocentas pessoas a peregrinar a pé, vindas de Elvas ou Monforte, os locais mais distantes” e também “a peregrinação da diocese, mais voltada para as famílias, congregando a comunidade cristã, no final de maio”.
D. Francisco Senra Coelho afirma ser característica portuguesa a devoção de Nossa Senhora, identificado no Santuário do Sameiro, “fruto da generosidade de um povo, das mulheres minhotas que doavam o seu ouro, no século XIX, quando a Igreja vivia um «inverno de liberdade», para erguer a Nossa Senhora da Conceição um Santuário”.
“Se há um movimento da procura dos seus filhos a Maria, há depois a resposta da mãe aos filhos para que divulguem a sua mensagem. Fátima é resposta desta aliança”, indica.
Recordando que durante muitos séculos o dia da mãe, em Portugal, se celebrou a 8 de dezembro, D. Francisco Senra Coelho convida “todas as mães a fazer de Vila Viçosa o espaço das mães”, para a celebração deste domingo, marcada para as 11h00, procurando “a beleza maternal de Maria”.
A devoção à Imaculada Conceição é o tema do programa Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, este domingo (06h00).
HM/LS/OC
Notícia atualizada às 12h30 de 08.12.2018
Na celebração a que presidiu este domingo, em Vila Viçosa, o arcebispo de Évora evocou as figuras históricas do Santo Condestável – São Nuno de Santa Maria – e de D. João IV, que proclamou a Imaculada Conceição como padroeira de Portugal.
“Perante estes testemunhos eloquentes de fé e aliança com Deus, pela mão de Maria, parece-me ouvir a pergunta dirigida a nós: Portugal, onde estás?, questionou D. Francisco Senra Coelho. O responsável apelou a uma cidadania assumida “em coerência e fidelidade com os valores do Evangelho”, que passam pela defesa da vida, da família e da solidariedade. “Concluímos com o Papa Francisco, que nos convida a preparar o Natal, com atenção às promessas necessárias, que nos vêm do nosso Batismo, alertando-nos para a indiferença face ao próximo, que marca a sociedade contemporânea”, declarou. |