Prisões: «Se a esperança é fechada numa cela, não há futuro para a sociedade» – Papa

Francisco defendeu o «direito de recomeçar» e «direito à esperança»

(Foto Vatican News)

Cidade do Vaticano, 14 set 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje que a prisão perpétua “não é a solução para os problemas, mas um problema a ser resolvido” numa audiência a membros da Polícia prisional, pessoal da administração Penitenciária e da Justiça Juvenil e Comunitária.

“A prisão perpétua não é a solução para os problemas, mas um problema a ser resolvido. Se a esperança é fechada numa cela, não há futuro para a sociedade, nunca privar do direito de recomeçar”, explicou na Praça São Pedro.

Para Francisco, toda a sociedade deve alimentar e fazer com que “a penalidade não comprometa o direito à esperança”, que sejam garantidas perspetivas de “reconciliação e de reintegração” porque enquanto os erros do passado “são remediados, não se pode cancelar a esperança no futuro”.

“Reavivar esta pequena chama é dever de todos”, realçou.

O Papa destacou um “trabalho escondido, muitas vezes difícil e mal pago, mas essencial” da Polícia Prisional Italiana e do pessoal administrativo e disse “obrigado” por todas as vezes que vivem o seu serviço, “não apenas como uma vigilância necessária, mas como um apoio àqueles que são fracos”.

“Quando para além de serem guardiões da segurança vocês são uma presença próxima daqueles que caíram nas redes do mal tornam-se construtores do futuro, lançam as bases para uma convivência mais respeitosa e, portanto, para uma sociedade mais segura. Obrigado porque vocês se tornam, dia após dia, artesões de justiça e esperança”, desenvolveu.

Francisco citou a Carta aos Hebreus – «lembrai-vos dos presos, como se vocês estivessem com eles na prisão» – e realçou que estes agentes comprometem-se em “garantir a segurança sem nunca perder o respeito pelos seres humanos”, pediu que não se esqueçam do “bem que podem fazer todos os dias”, com o seu comportamento, atitudes e “olhares” e que são “chamados a serem uma ponte entre a prisão e a sociedade civil”.

O Papa observou que “quando as forças diminuem, a desconfiança aumenta” e alertou que “é essencial garantir condições de vida decentes, caso contrário, as prisões tornam-se depósitos de raiva em vez de locais de recuperação”.

“Em frente” foi a palavra do Papa Francisco para os capelães, religiosas e religiosos e voluntários que trabalham nas prisões porque nessa missão “oferecem consolo” e é “tão importante não deixar sós os que se sentem sozinhos”.

“Em frente, quando entram nas situações mais difíceis com a única força de um sorriso e de um coração que escuta, quando carregam os fardos dos outros e os levam na oração. Quando, em contacto com a pobreza que encontram, veem sua própria pobreza. É um bem, porque é essencial antes de tudo reconhecer-se necessitados de perdão”, explicou.

Aos reclusos, o Papa pediu “coragem”, que “vem de coração”, e é o “Jesus que diz” porque “estão no coração de Deus, são preciosos aos seus olhos”.

“Mesmo que se sintam perdidos e indignos, não desanimem. Vocês são importantes para Deus que quer realizar maravilhas em vocês. Nunca se deixem aprisionar na cela escura de um coração sem esperança, não cedam à resignação. Deus é maior do que qualquer problema e espera por vocês para amá-los”, acrescentou Francisco que tem dedicado uma particular atenção às pessoas reclusas durante o seu pontificado.

CB

 

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Agência ECCLESIA

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