Igreja/Sociedade: Ativista sueca agradeceu ao Papa «luta contra o tráfico de seres humanos»

Aos 83 anos, Elise Lindqvist é conhecida por «Madre Teresa das prostitutas»

Cidade do Vaticano, 06 jul 2019 (Ecclesia) – A sueca Elise Lindqvist, apelidada de “Anjo das prostitutas de Malmskillnadsgatan”, uma rua no centro de Estocolmo, pela sua intervenção cívica há mais de 20 anos, foi ao Vaticano agradecer a ação do Papa Francisco.

“Quero agradecer ao Papa Francisco pela sua luta contra o tráfico de seres humanos”, disse Elise Lindqvist ao ‘Vatican News’.

O portal de notícias do Vaticano informa que a ativista sueca nasceu em 1936, o mesmo ano de nascimento do Papa argentino, que lhe disse: “Ouvi dizer que você faz um trabalho maravilhoso!”.

“Para algumas pessoas a minha presença no meio das prostitutas incomoda”, revelou ao jornalista, enquanto coxeava ao atravessar a Praça de São Pedro, uma mazela de “um empurrão numa escada rolante”.

Elise Lindqvist é também chamada de “Madre Teresa das prostitutas” pelo apoio e conforto que dá às “mulheres de rua” em Estocolmo, há mais de 20 anos, depois de também ter vivido a mesma experiência e da sua conversão.

“A primeira vez que saí, à noite, fui à famosa rua das prostitutas em Estocolmo, Malmskillnadsgatan. Ali, revivi meu passado, mas percebi que era naquele lugar que devia trabalhar”, recordou.

Neste contexto, explica que a sua presença consiste em ouvir, abraçar, levar alguma coisa para beber e oferecer “roupas para aquecer as noites frias de inverno”.

“O prémio mais lindo é conseguir salvar uma mulher de rua! Mas a minha presença serve, sobretudo, para levar consolação e coragem; fazer-lhes entender que alguém as ama e que não estão sozinhas”, acrescentou.

A “mamã”, como lhe chamam algumas das mulheres a quem leva conforto, lembra que aos 14 anos fugiu de casa e da aldeia onde nasceu, porque era abusada sexualmente desde os cinco anos de idade, por pessoas próximas da família, e agredida a partir dos 10 anos pelo padrasto, quando o seu pai morreu.

Elise Lindqvist acabou por ser acolhida por “uma boa família”, mas, com 16 anos, foi apanhada por uma rede de prostituição: “Aquela senhora era belíssima! Ninguém, até então, me tinha dito que era ‘bonita’ e, num piscar de olhos, submeti-me totalmente a ela e teria feito qualquer. Eu chamava-a de ‘mãe’ e ela comprava-me roupas e produtos de beleza; um dia disse que deveria trabalhar, vendendo o meu corpo aos seus clientes”.

Depois de ter sido violada por um cliente e ter dito que não aguentava mais aquela vida foi expulsa e viveu na rua, onde ficou dependente do álcool e das drogas, onde procurava “refúgio”.

“Em 1994, fui internada num centro de reabilitação. Todos tinham medo de mim: quando alguém se aproximava dava pontapés e se via um homem, cuspia e dizia palavrões. Sentia apenas raiva”, lembra.

Neste centro, as pessoas começaram a levá-la a uma capela onde rezavam, mas Elise Lindqvist “não sabia nada sobre Deus e o que era oração”.

“Para mim a Igreja era um lugar de morte; há 25 anos, Jesus deu-me a vida e comecei a caminhar no seu amor”, desenvolve, acrescentando que passados alguns meses, o diretor espiritual disse que devia “perdoar” mas a primeira reação foi “raiva”; depois entrou num “processo longo e doloroso”, de reconciliação.

“Consegui perdoar minha mãe, que não me amou nem me defendeu. Percebi que não estava em condições e, por sua vez, também era uma vítima”, divulga o ‘Vatican News’.

Elise Lindqvist que discursou no Parlamento Europeu, a 18 de outubro 2016, por ocasião do Dia Europeu Contra o Tráfico de Seres Humanos, destacou as responsabilidades das instituições em “adotar resoluções concretas que eliminem totalmente” este tráfico e disse que “voltaria”, aos “90 anos, para ver se tinham mantido a palavra sobre o compromisso assumido”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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