Crise no Sudão preocupa responsáveis católicos

A morte do vice-presidente do Sudão, John Garang, líder do Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLM), gerou tristeza entre os membros da Comunidade romana de Santo Egídio, um dos motores das negociações para a paz no sul do país. O responsável das relações internacionais da Comunidade, Mario Giro, declarou à agência missionária MISNA que John Garang era um amigo. “Encontramo-nos uma dezena de vezes, a partir da década de 90, seja nos períodos melhores como nos mais críticos do conflito. Ele deu o nome da nossa cidade, Roma, a uma de suas filhas”, disse. “Agora, abre-se uma fase de grande incerteza e é ainda cedo para prever as consequências do falecimento de Garang no seu movimento. É importante que o novo líder, ao ser nomeado, tenha a mesma força de seu predecessor”, declarou. Mario Giro admite que a morte do líder do SPLM é um duro golpe para o processo de paz, “assinado e identificado com o seu nome”. “Espera-se que seu sucessor não seja tão inconsequente ao ponto de abandonar o percurso, deixando o Sudão numa situação de turbulência”. O Arcebispo de Cartum, Cardeal Gabriel Zubeir Wako, assegura que agora “cabe a todos os sudaneses levar por diante o processo de paz que ele começou”. O Cardeal admite, porém, que esta morte “chega numa altura muito inoportuna”. “A herança que deixa aos sudaneses é a urgência de relançar o desenvolvimento, sobretudo nas zonas rurais e em favor dos mais pobres”, acrescenta. O SPLM nomeou ontem como sucessor de John Garang o general Salva Kiir. Os confrontos nos arredores da capital, contudo, prosseguem pelo segundo dia consecutivo, tendo sido desencadeadas com o anúncio da morte de Garang. Garang fundou e liderou o SPLM desde 1983, altura em que o Governo de Cartum impôs a lei islâmica (Shari’a), em todo o país. A decisão deu origem a uma guerra civil que fez mais de dois milhões de mortos e quatro milhões de desalojados. O acordo de paz, assinado em Janeiro, prevê um período de transição de seis anos durante o qual a lei islâmica não será aplicada no Sul.

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