Octávio Carmo, Agência ECCLESIA
10 dioceses portuguesas decidiram encaminhar os donativos recolhidos com a Renúncia Quaresmal das suas comunidades para ajuda à população da Venezuela. Funchal e Aveiro, desde logo, são os territórios onde é mais sentida esta “pressão” face à presença de antigos emigrantes e suas famílias – muitos deles apenas à espera da primeira oportunidade para regressar ao país que os acolheu e que vive dentro deles.
Quis partilhar, num outro espaço, a minha preocupação com a falta de compreensão para este fenómeno de reconstrução da memória, que faz de portugueses, realmente, estrangeiros, quando “regressam” à sua pátria. Há muito para analisar, desde o plano pessoal à dimensão comunitária, institucional, se quisermos, em que tudo se orientou para a construção de uma nova pertença.
Pensar, em tempos atribulados como este, parece um luxo, mas é essencial parar e perceber onde é que cada um pode ser agente de mudança, de transformação da sociedade, sem delegar noutros aquilo que é da sua própria responsabilidade, nem se esconder passividade e indiferença atrás de dedos acusadores apontados aos culpados do costume.
Superar a crise atual é bem mais do que abrigar-se da chuva, à espera que ela passe, para poder voltar calmamente a tudo aquilo que se fazia antigamente, por mais desastrosos que tenham sido os resultados do passado. Não vale fingir que se muda para deixar tudo na mesma, porque está provado que o futuro será bem pior, em especial para as pessoas que ficaram mais fragilizadas em função do presente descalabro. É preciso mudar e encontrar novos caminhos por andar.
Não há desculpas. Nada justifica a morte de um país.