E nós, que devemos fazer?
«E nós, que devemos fazer?» No Evangelho do terceiro domingo do Advento, esta questão é posta três vezes a João Baptista, pelas multidões, pelos publicanos, pelos soldados.
João não parece ser muito exigente nas respostas, nem aponta para coisas extraordinárias. Basta deixar que a nossa vida de todos os dias seja levada pela Boa Nova de Jesus…
Isso implica conversão, transformação, em três aspetos, segundo o Evangelho: sair do nosso egoísmo e aprender a partilhar; quebrar os esquemas de exploração e de imoralidade e proceder com justiça; renunciar à violência e à prepotência e respeitar absolutamente a dignidade dos nossos irmãos.
O Evangelho avisa-nos, ainda, que o cristão é «batizado no Espírito», recebe de Deus vida nova e tem de viver de acordo com essa dinâmica.
Já vai longe o Sínodo dos Bispos de 2012, mas importa recuperar uma bela pista para concretizar a questão do Evangelho de hoje, convidando-nos a contemplar o mistério da encarnação de Jesus, estando nessa atitude a acolher o pobre. Vale a pena evocar essa belíssima mensagem:
«Nas nossas comunidades, deve dar-se um lugar privilegiado aos pobres, um lugar que não exclui ninguém, mas pretende ser um reflexo de como Jesus Se ligou a eles. A presença do pobre nas nossas comunidades é misteriosamente poderosa: muda as pessoas, mais do que um discurso; ensina fidelidade, permite compreender a fragilidade da vida, pede oração; em suma, leva a Cristo. O gesto da caridade, por sua vez, exige ser acompanhado pelo empenho em favor da justiça, com um apelo que a todos envolve, pobres e ricos».
Ainda a propósito e neste ambiente adventício e quase natalício, vale a pena recuperar também algumas indicações dos nossos Bispos numa das suas mensagens de Natal:
«Só quem oferece Natal aos outros pode ter Natal para si. Que os gestos de entreajuda, solidariedade e partilha se multipliquem. A autêntica alegria das Boas Festas está na dádiva altruísta e generosa.
Haverá Boas Festas se o outro for o centro das nossas atenções e serviços, vencendo confortos e rotinas egoístas, tal como Deus que fez de nós o seu centro, oferecendo‑se em pessoa no Jesus do Natal em Belém.
Haverá Boas Festas se soubermos presentear tempo, carinho e ofertas a pessoas que vivem sozinhas, a doentes, crianças ou idosos, e a obras de serviço social.
Haverá Boas Festas se deixarmos que Jesus nasça no melhor dos presépios, que é o nosso coração, e aderirmos mais de alma e coração à pessoa de Jesus».
E nós hoje, que devemos fazer? Ser e estar sempre com o coração aberto ao Coração misericordioso de Deus e solidário aos irmãos, praticando sempre a ternura de Deus! Sem mais! Nessa atitude tudo somos e temos!
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org