Responsável português assumiu título que lhe confiado pelo Papa, em Santa Maria Sopra Minerva
Roma, 25 nov 2018 (Ecclesia) – O cardeal português D. António Marto tomou hoje posse da Basílica de Santa Maria Sopra Minerva, na capital italiana, sublinhando na homilia da Missa a que presidiu a ligação entre Roma e Fátima.
“Não posso deixar de ter presente esta significativa ‘titularidade’ que me liga tanto a Roma como a Fátima: por um lado, a ligação de afeto ao Papa pela presença das relíquias de Santa Catarina de Sena, padroeira da Itália, ela que era tão afeiçoada pelo Papa que o chamava ‘doce Cristo na terra’; por outro lado, a ligação a Fátima: a basílica é um ponto de referência para os fiéis de Roma na sua devoção a Nossa Senhora do Rosário”, assinalou, numa intervenção enviada à Agência ECCLESIA.
O bispo de Leiria-Fátima assumiu assim o título que lhe foi atribuído por Francisco, no consistório de 28 de junho deste ano; no consistório, além do barrete e do anel cardinalícios, o Papa atribui a cada cardeal uma igreja de Roma – que simboliza a “participação na solicitude pastoral” do pontífice na cidade.
D. António Marto passa assim a direito a ter o seu brasão na fachada desta igreja, que continua a ser dirigido pelo seu reitor.
O cardeal aludiu, na sua homilia, à celebração da solenidade litúrgica de Cristo-Rei, falando num reino de “verdade e de vida, de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz”.
Nesta perspetiva, podemos perceber a manifestação de Nossa Senhora em Fátima: Ela apareceu nesse lugar para proclamar o chamamento urgente a acolher o reino de Deus numa hora histórica em que era recusado, combatido, perseguido pelos poderes totalitários e ateus”.
O bispo de Leiria-Fátima evocou as figuras dos santos pastorinhos como “exemplo vivo” do acolhimento deste reino da “santidade e da graça” na sua “oferta total a Deus e no seu amor aos pobres, aos doentes, aos aflitos e aos pecadores”.
“Confiamos a Igreja e toda a humanidade à intercessão de Nossa Senhora do Rosário e os santos pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta Marto, para que o amor de Deus reine em todos os corações e se cumpra o seu desígnio de justiça e de paz”, concluiu.
A celebração contou com a presença de D. José Tolentino Mendonça, arquivista e bibliotecário da Santa Sé; D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontíficio da Cultura; dezenas de sacerdotes, incluindo vários portugueses; e António de Almeida Lima, embaixador de Portugal, junto da Santa Sé, além de responsáveis do Santuário de Fátima, entre outros.
A Basílica de Santa Maria Sopra Minerva tinha sido entregue, no século XVIII, ao cardeal Guilherme Henriques de Carvalho, 9.º patriarca de Lisboa, que também foi bispo de Leiria.
António Augusto dos Santos Marto nasceu a 5 de maio de 1947, em Tronco, Concelho de Chaves, Diocese de Vila Real; foi ordenado padre em Roma, em 1971 e a 10 de novembro de 2000 foi nomeado bispo auxiliar de Braga, pelo Papa João Paulo II, tendo passado pela Diocese de Viseu antes de ser escolhido por Bento XVI, em 2006, como bispo de Leiria-Fátima; é o quinto cardeal português do século XXI e o segundo a ser designado no atual pontificado.
Portugal teve até hoje com 44 cardeais, a começar pelo chamado Mestre Gil, escolhido pelo Papa Urbano IV (1195- 1264).
OC
Basílica de Santa Maria Sopra MinervaNa área atualmente ocupada pela Basílica, havia, no período pré-cristão, três templos dedicados a Minerva, Ísis e Serapis. Daí a designação de “Sopra Minerva” expressão italiana que significa “sobre Minerva”. Já no século VIII, ao lado desses templos, erguia-se uma pequena igreja que o Papa Zacarias concedeu a freiras basilianas que tinham fugido do Oriente. Em 1255, Alexandre IV estabeleceu uma comunidade de convertidos no lugar. A Igreja pertencia aos beneditinos do Campo Marzio. Foi apenas em 1256 que os dominicanos aí se estabeleceram até hoje. É a partir de 1557 que a igreja passa a ter um cardeal titular, sendo o primeiro Michele Ghislieri, que se tornou papa em 1566 com o nome de Pio V. Entre 1797 e 1814, durante a ocupação francesa de Roma, o convento foi usado como quartel de infantaria. Em 1810, houve novas mudanças devido à supressão das ordens religiosas, e os frades foram forçados a abandonar o convento, para onde regressaram em 1825. Em 1871 foram definitivamente expropriados pelo Estado italiano, que é o atual proprietário do convento. Em 1929 obtiveram a autorização para regressar, podendo usar algumas áreas e fazer celebrações litúrgicas na Basílica. Gabinete de Informação e Comunicação da Diocese de Leiria-Fátima |