Lisboa: Enviado do Papa e cardeal-patriarca deram «aula sobre amor social» a estudantes católicos

Iniciativa integrada na conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz

Foto: Estudantes católicos durante a conferência do enviado do Papa, o padre Bruno-Marie Duffé, Agência ECCLESIA / JCP

Lisboa, 24 nov 2018 (Ecclesia) – O secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé) e o cardeal-patriarca de Lisboa abordaram hoje perante estudantes católicos os desafios atuais da Igreja e da sociedade.

Esta “aula” conjunta com os mais novos, na Faculdade de Direito, da Universidade de Lisboa, integrou-se na Conferência Anual da Comissão Justiça e Paz, este ano dedicada ao tema ‘Atualidade e Desafios da Doutrina Social da Igreja’, e que decorreu a par do 3.º Encontro dos Núcleos de Estudantes Católicos de Lisboa.

O monsenhor Bruno-Marie Duffé citou problemáticas como a crise de migrantes e refugiados, as ameaças que cada vez mais pendem sobre a Ecologia, o persistente desemprego, a questão dos sem-abrigo, os direitos das mulheres, o acesso à cultura e à educação, os mais pobres.

Para sublinhar que a novidade para a Doutrina Social da Igreja é que hoje todos os desafios estão “intimamente ligados”, como recorda o Papa Francisco na encíclica ‘Laudato Si’, em que fala sobre  a necessidade de promover uma “ecologia integral”.

Aquele representante do Vaticano deu como exemplo as sombras que ainda subsistem da crise económica de 2008, para indicar que há todo um caminho a fazer, em Igreja e em sociedade, na descoberta de novos caminhos para resolver os problemas, novos e antigos.

“Toda a Doutrina Social da Igreja é uma escola para a responsabilidade”, frisou o padre Bruno-Marie Duffé, que pediu aos jovens estudantes católicos para que, no meio da atual “cultura individualista”, se empenhem em ser “atores de um futuro mais justo”.

“Os jovens que estão aqui, todos são chamados a dialogar, nas mais diversas áreas. Pensem que cada um de vocês é parte da Criação”, apontou o enviado do Papa, que concluiu com uma reflexão acerca da máxima que deu a tónica a este encontro: ‘A medida do amor é amar sem medida’.

Foto: D. Manuel Clemente com Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz

“Como podemos oferecer um amor social? Tendo uma atenção permanente ao outro, num mundo sem amor e com violência, este deve ser o principal objetivo”, destacou.

O cardeal-patriarca de Lisboa, por sua vez, realçou as “fronteiras novas” com que a Igreja Católica se está a deparar e que tem de ter em conta, na elaboração do seu “pensamento social”, sugerindo inclusivamente a realização de uma nova edição do compêndio da Doutrina Social da Igreja, cujo último lançamento data de 2006.

Uma noção que desenvolveu depois em declarações aos jornalistas, dando como exemplo os pronunciamentos novos que o Papa Francisco promoveu, a partir de temáticas como a globalização da comunicação e os seus desafios, como as ‘fake news’, ou especialmente sobre “a Ecologia”, com a publicação da encíclica ‘Laudato Si’.

“Nós aqui em Portugal também nos vamos dando conta disso, que o Verão já não é como era, as chuvas, os incêndios, mas hoje em dia isto é uma questão de sobrevivência para grande parte da humanidade, que não tem água potável, que não tem as mínimas condições ecológicas para sobreviver”, salientou D. Manuel Clemente.

O cardeal-patriarca defendeu assim uma nova sistematização da Doutrina Social da Igreja, ou do “pensamento social cristão”, como referiu, para poder abordar convenientemente estas e outras questões, de forma atual e já com o acréscimo de todos os documentos mais recentes publicados no pontificado do Papa Francisco.

JCP

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Agência ECCLESIA

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