Bento XVI explica a sua missão como Bispo de Roma

Ministério do Papa é garantia da obediência a Cristo Bento XVI tem insistido, nos primeiros dias de pontificado, na sua missão como Bispo de Roma e recebeu esta manhã em audiência o Cardeal Camillo Ruini, vigário geral para a Diocese de Roma, e os oito Bispos que fazem parte do Conselho Episcopal da mesma Diocese. O encontro com o Papa acontece dois dias depois da cerimónia de “incatedratio” de Bento XVI na “Chatedra Romana” de São João de Latrão. O rito tem um grande valor evocativo, que chama a atenção para a relação singular que une o ministério petrino à Diocese romana. “O Bispo de Roma senta-se na sua cátedra para dar testemunho de Cristo. Deste modo a cátedra é o símbolo do poder de ensinar”, explicou Bento XVI. A Basílica Patriarcal de São João de Latrão, Catedral da Diocese romana, é considerada a igreja-mãe de todas as igrejas católicas. Esta foi a primeira vez em que o Papa se sentou na sua cátedra – a “incatedratio” -, numa cerimónia dedicada ao Espírito Santo para implorar sabedoria. A posse da “Cathedra Romana” põe em destaque o papel de Pedro e dos seus Sucessores na orientação da Igreja. A cátedra, embora signifique materialmente trono ou cadeira episcopal, foi uma palavra utilizada em Teologia como símbolo da autoridade do ensinamento cristão, atribuído em especial à sede de Roma, que preside a todas as outras Igrejas. O Papa chegou à basílica às 17h15, num carro descoberto, saudando as milhares de pessoas reunidas no centro histórico da capital italiana. Bento XVI disse na sua longa homilia que “Pedro expressou em primeiro lugar, em nome dos apóstolos, a profissão de fé: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’. Esta é a tarefa de todos os sucessores de Pedro: ser guia na profissão de fé em Cristo, o Filho do Deus vivo”. Nesta passagem, o Papa respondeu de forma indirecta a todos os que o criticaram enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé: “este poder de ensinamento dá medo a muitos homens dentro e fora da Igreja. Perguntam-se se não é uma ameaça à liberdade de consciência, se não é uma presunção que se opõe à liberdade de pensamento. Não é assim”, assegurou. “O poder de ensinar, na Igreja, comporta um compromisso ao serviço da obediência à fé. O Papa não é um soberano absoluto, cujo pensamento e vontade são lei. Pelo contrário, o ministério do Papa é garantia da obediência a Cristo e a sua Palavra”, continuou. “O Papa não deve proclamar as próprias ideias, mas vincular constantemente a si e à Igreja a obediência para com a palavra de Deus diante de todas as tentativas de afastamento e redução bem como toda a espécie de oportunismo”, prosseguiu. Nesse sentido, Bento XVI evocou a memória de João Paulo II para ilustrar como qualquer Papa deve combater “as erradas interpretações da liberdade”. “A liberdade de matar não é uma verdadeira liberdade, mas uma tirania que reduz o ser humano à escravidão”, exemplificou o Papa. De regresso ao Vaticano desde São João de Latrão, o Papa visitou a Basílica de Santa Maria Maior, onde se deteve em oração perante o ícone de Maria “Salus populi romani”, especialmente venerada pelos romanos. Com essa visita, o Papa concluiu a tomada de posse das quatro grandes Basílicas de Roma: São Pedro, São Paulo Fora dos Muros – que visitou a 25 de Abril -, São João de Latrão e Santa Maria Maior.

Partilhar:
Scroll to Top