D. José Alves, bispo emérito de Évora, realça trabalho das religiosas num país marcado pela «inércia em relação às doenças mentais»
Sintra, 19 out 2018 (Ecclesia) – As Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus apresentaram hoje na Casa de Saúde da Idanha, em Sintra, o livro ‘História e Memória’, dedicado à presença da congregação em Portugal, desde 1894.
De acordo com a Superiora Provincial das religiosas, trata-se de um projeto que “já estava a ser preparado há 12 anos”.
“É um livro que faz memória dos inícios da missão aqui em Portugal, e das irmãs de Espanha que a vieram fundar”, salienta a Irmã Maria do Sameiro Martins, que realça uma história que “começou numa casinha pequena” precisamente no complexo de Idanha e que depois foi “crescendo” até se tornar o que é hoje.
A congregação, que presta apoio a doentes na área da Psiquiatria e da Saúde Mental, conta atualmente com 12 centros assistenciais distribuídos por Portugal continental, pelos Açores e Madeira, e serve perto de 3 mil pessoas.
“Está aqui toda essa vida, a começar pela história da vida de Deus naquelas primeiras mulheres, que acho que é fascinante, aquilo que elas passaram, e a força que elas tiveram para continuar”, frisa a Superiora Provincial.
Com mais de 700 páginas, a obra é da autoria do padre Joaquim Chorão Lavajo, professor catedrático aposentado da Universidade de Évora, licenciado em Filosofia pela Universidade Gregoriana de Roma e doutor em História; e da irmã hospitaleira Laurinda Martins de Faria, Mestre em Teologia da Vida Consagrada, e diplomada em Pastoral da Saúde pela Universidade de Comillas (Madrid), entre outras valências.
Na sessão de apresentação, o padre Joaquim Chorão Lavajo destacou o caminho percorrido pela congregação até entrar e depois de entrar em Portugal, sob a orientação de São Bento Menni.
Um percurso marcado por escolhos como a nem sempre fácil relação entre a Igreja Católica e o Estado, em especial na fase da transição para a República, mas que não apagaram este “longo sonho” que foi a de trazer para o país um projeto ao serviço das pessoas mais frágeis, daqueles que muitas vezes não se podem valer por si mesmos.
Já a Irmã Laurinda Martins de Faria apontou para uma publicação que destaca aquele que tem sido “um mar de expressões concretas de serviço às pessoas que carregam o fardo da doença mental, da deficiência intelectual, e de outras formas de sofrimento que limitam e marginalizam”.
“No oceano do sofrimento que grita por ajuda, no silêncio ou nas palavras, nas fronteiras familiares ou na geografia de uma sociedade informe, baloiça a barca da hospitalidade levando a todos a compaixão e a sanação integral”, referiu a religiosa.
Destaque no prefácio para o contributo do arcebispo emérito de Évora, D. José Alves, que considera este o momento propício para “evocar a origem e evidenciar o excelente serviço” que as Irmãs Hospitaleiras têm prestado a Portugal, “na área da saúde mental”.
“Na esteira de S. João de Deus, as irmãs Hospitaleiras foram pioneiras na interpretação das doenças mentais e nos cuidados dispensados às pessoas atingidas por essas doenças”, escreveu aquele responsável.
O arcebispo emérito de Évora enaltece ainda o projeto levado a cabo pelas religiosas, com mais cerca de 2 mil colaboradores, num país marcado por “uma certa inércia em relação às doenças mentais”.
“As Irmãs Hospitaleiras, mesmo quando os sucessivos governos não cumprem os compromissos assumidos, continuam a ser um farol que ilumina a noite de muitas famílias”, acrescenta.
O lançamento do livro ‘História e Memória’, sobre a presença das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus em Portugal, foi feito no meio do Capítulo Geral da congregação, que vai prolongar-se até este domingo, e onde irão ser eleitos os novos órgãos dirigentes da Província Portuguesa, para o período entre 2018 e 2024.
JCP