Portugal acolhe o 25º encontro da Conferência Europeia de Rádios Cristãs (CERC)
Lisboa, 11 out 2018 (Ecclesia) – A Internet representa para a rádio “um mundo de oportunidades”, permitindo chegar a mais pessoas e “mantendo a essência” do que se faz, sustenta Henrique Campo, da Cadena Cope, grupo espanhol de rádios.
“Falam que a Internet é um perigo: eu entendo que a televisão é um perigo, que um jornal de papel pode ser muito perigoso. Para a rádio é um mundo de oportunidades. A Internet ajuda a manter a essência e a chegar a muito mais pessoas”, explica o responsável pelo segundo grupo de rádios mais escutada em Espanha, com um total de 6.5 milhões de ouvintes diários.
Em Portugal para participar no 25º encontro da Conferência Europeia de Rádios Cristãs (CERC), Henrique Campo assinala a importância de “sair, procurar, investigar”, estar junto dos ouvintes.
“Alguns escutam-nos através da rádio mas outros, muitos, procuram-nos pelo telemóvel. Se queremos continuar a ter ouvintes, temos de nos adaptar e estar onde eles estão. Por isso potenciamos o digital”, indica, com exemplos de uma renovada página na Internet, de uma “app móvel” e de “uma redação única que trabalha para todo o grupo”, produzindo conteúdos para a rádio, televisão e para a página de Internet.
Uma realidade diferente apresenta a RCF, constituída a partir de 65 rádios francesas e 13 belgas com três milhões de ouvintes e 600 mil diários.
“Metade desses ouvintes não tem nenhuma ligação com a Igreja nem vão à Igreja”, assinala Philippe Lansal, que participa em Portugal no encontro da CERC.
“O objetivo é pensar que experiência queremos que as pessoas tenham a partir do nosso programa. A nossa marca é a felicidade, queremos dividir e partilhar a felicidade”, explica este responsável.
A estratégia da RCF passa por uma avaliação a casa seis meses: “Trata-se de uma estratégia integrada, avaliada de seis em seis meses para perceber, de forma concreta, como os hábitos mudam e condicionam o trabalho”.
«O desafio digital para as nossas rádios» conduz o 25º encontro que reúne, nas instalações da Rádio Renascença, em Benfica, sete rádios europeias, num total de 19 participantes.
Presente no encontro, Jean-Charles Putzolu, do Dicastério do Vaticano para a Comunicação, dá conta da transformação que, desde 2015, acontece nos media do Vaticano, com a “unificação de nove entidades”.
“A parte visível do iceberg é o portal Vatican News, que publica em 34 línguas. Os nossos jornalistas alteraram as suas funções: antes eram jornalistas de rádio e agora são jornalistas multimédia”, indica o responsável, que dá conta de um investimento na formação em vídeo, de escrita para a Internet, estando agora o projeto numa fase de “consolidação”.
Num ambiente digital, Jean-Charles Putzolu acredita que a chave é a “partilha de conteúdos em plataformas católicas. O objetivo é tornar próximo em plataformas”.
O responsável do Vaticano acredita que o encontro da CERC é uma “forma de conhecer, trocar e dialogar”.
“Neste momento estamos a pensar a nível europeu, mas deveríamos pensar a nível mundial, num encontro mundial de rádios cristãs. É a essência da Igreja, estar em diálogo com o mundo. Dessa forma podemos criar plataformas, parcerias, novos medias e formas de falar com as pessoas e de passar a mensagem”.
“Tudo muda: a rádio, o mundo. Há rádios muito diferentes: aqui estão rádios comunitárias, que trabalham com poucos profissionais e muitos voluntários, rádios comerciais, rádios financiadas pela Igreja, outras menos, mas todas somos rádios cristãs e queremos chegar aos outros com uma mensagem”, afirma Henrique Campo.
O 25º encontro da CERC termina esta sexta-feira com a atribuição do prémio «Jean-Jacques Gardette», um reconhecimento para a melhor iniciativa de rádio que vai ser escolhida entre os participantes.
LS