Lisboa, 29 jun 2018 (Ecclesia) – A Igreja Católica está presente no sistema de ensino português, do primeiro ciclo ao 12.º ano, através da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) com um às disciplinas e adequado à realidade dos alunos.
“Muitas vezes surgem questões noutras disciplinas que eles trazem para a aula. Muitas vezes de um tema que até estamos a trabalhar naquele momento e aproveitamos essa experiência do aluno para introduzir o programa, explicar os conteúdos”, refere Gisela Laureano, professora de EMRC.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, a docente destaca a “versatilidade” do programa da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica que permite “espaço e tempo” para falar e discutir assuntos e os alunos também se sentem “à vontade para colocar as suas questões”.
Gisela Laureano realça que o programa de EMRC “está adequado à realidade atual”, dos alunos, e de cada ano letivo “de acordo com os programas das outras disciplinas”.
A professora, que já deu aulas desde o primeiro ciclo do Ensino Básico até ao 12.º ano, revela da sua experiência que os alunos “têm questões”, mas, “muitas vezes”, têm também “receio de as colocar”.
“A disciplina de EMRC não dá essas respostas, há toda uma construção de processo de pensamento”, realça, observando que sejam perguntas colocadas pelos professores ou pelos alunos “são trabalhadas de modo a que cheguem à sua conclusão e possam colocar em prática”.
“Há espaço para que os alunos falem da sua experiência, partilhem, um momento de crescimento em conjunto com a direção do professor”, assegura.
Segundo o professor Carlos Meneses, lecionar esta disciplina “mobiliza uma série de competências” e trabalham com os alunos “o sentido primeiro da sua experiência da sua vida”.
“Mobiliza toda uma área teológica, pedagógica, sendo fiel aos princípios curriculares vigentes, mas indo mais além. Sendo capaz de levar o aluno a interpretar as exigências mais significativas da sua vida à luz de uma ética, de uma mundividência, e até, de uma mundividência que tem uma matriz cristã e pode levar muito longe na percussão dos seus objetivos”, desenvolve o professor em Alfena, na Diocese do Porto.
Para Gisela Laureano, o facto da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica ser facultativa “é um desafio” para todos os dias fazer “mais, melhor, diferente”, para “os cativar para as aulas”.
“Que não seja mais uma, mas uma experiência, um espaço de encontro e é o que os alunos valorizam”, acrescenta sobre “o desafio” que “torna tudo tão interessante” na docência de EMRC.
Carlos Meneses também concorda e realça que o que parece “ser uma fragilidade” é uma oportunidade, uma vez que percebem que “um aluno que está na aula justamente por que pode escolher”.
“É um aluno que está por inteiro, o que nos obriga também a reconhecermos esta mais-valia”, acrescentou à Agência ECCLESIA, sobre o que parece ser “um constrangimento” que, “afinal, é oportunidade e extremamente gratificante”.
Ao longo de cada ano letivo há uma série de encontro, diocesanos e nacionais, que mobilizam alunos de diferentes idades e de todos os ciclos de ensino.
Carlos Meneses considera “absolutamente importante e crucial” o encontro entre os alunos e para Gisela Laureano é “sempre um momento de partilha”, que enriquece os alunos que se encontram de “realidades” e com experiências diferentes.
Importante também são os encontros entre os professores de EMRC, nomeadamente, as suas ações de formação para atualização e conhecimento de boas práticas.
A Concordata assinada em 2004 entre Portugal e a Santa Sé consagra a existência da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica como uma componente do currículo nacional, de oferta obrigatória por parte dos estabelecimentos de ensino e de frequência facultativa.
HM/CB