Faro, 21 jun 2018 (Ecclesia) – O diácono Tiago Veríssimo, da Diocese do Algarve, vai ser ordenado presbítero este domingo, e recordou que sentiu, “pela primeira vez, que Deus pedia alguma coisa mais”, em 2006, num Convívio Fraterno.
“O Convívio Fraterno foi importante por me ter «aberto a cabeça» porque pensava que Deus estava nas paredes e afinal descobri que Deus está nas pessoas”, disse, em entrevista ao jornal diocesano ‘Folha do Domingo’.
Tiago Veríssimo, para além do encontro do movimento juvenil Convívio Fraterno, teve outras experiências que marcaram positivamente o seu discernimento vocacional como encontros na Comunidade Ecuménica de Taizé (França) e cinco anos de voluntariado com crianças de um bairro social da cidade de Faro, com as Missionárias da Caridade.
“Ajudou-me a perceber muita coisa porque, às vezes, no Seminário parece que somos formados para uma Igreja com grandes aparatos, quando afinal Deus, na prática, transmite-se pela coisa mais simples que existe. Às vezes, usamos tanta teoria para explicar o que se explica através de um gesto”.
O futuro sacerdote percebeu, claramente, que a vontade era ser ordenado já depois de ter escrito a carta ao bispo diocesano “a pedir a ordenação diaconal, quando já estava a fazer o estágio”.
“Conclui que é isto que Deus quer para a minha vida e que é isto que eu também quero para a minha vida; Foi naquele momento que percebi que a vocação estava madura o suficiente para assumir o passo”, afirma o diácono natural de Aljezur.
A realizar o seu estágio pastoral em Loulé, desde setembro, salienta que os seis anos no Seminário foram de teoria e “agora é o ano da prática”.
“Tem sido importante para perceber o que é o povo de Deus, a sua realidade, de que é que precisa, o que é a Igreja. Tem sido uma experiência gratificante nesse sentido”, acrescenta.
O diácono Tiago Veríssimo vai ser ordenado este domingo, dia 24 de junho, numa celebração a partir das 17h00, na Sé de Faro, e esta sexta-feira, realiza-se uma vigília de oração pelas 21h30, na capela do Imaculado Coração de Maria, em Faro.
Sobre a diminuição de vocações sacerdotais, considera que ser padre hoje “é estimulante”, se for observado como desafio, mas quem olha como dificuldade e se intimida não avança.
“Apesar das dificuldades, é uma época boa para se ser padre. Não há menos padres, há é menos cristãos conscientes da sua vocação à santidade e a Igreja falha um bocado aí”, realça.
Para o diácono quanto uma pessoa tem consciência do que é ser cristão “questiona-se sobre o que é que Deus quer da sua vida” e os padres têm o papel importante de ajudar a discernir o caminho.
Neste contexto, refere que “há uma grande procura por espiritualidades orientais” – reikis, iogas e meditações budistas – mas a Igreja também tem “uma espiritualidade profunda e bela para ser vivida”, que “exige da pessoa uma transformação interior”.
Tiago Veríssimo está no seminário desde 2010 mas já tinha feito uma experiência “que só durou cinco meses”, em 2008.
Antes do regresso, estava a trabalhar como cozinheiro num restaurante de hotel, em Albufeira, e “estava mais ou menos bem”, com a vida “resolvida e programada” para os próximos 30 ou 40 anos mas “Deus troca as voltas”.
A quem se encontra em discernimento vocacional, Tiago Veríssimo diz que “arrisque porque não perde nada e que não tenha medo”, a partir da reação do pai.
“Às vezes, há muita gente que não dá o passo por ter medo da reação dos pais. Quando Deus chama e a gente arrisca, Deus também vai transformando o coração dos pais que são um pouco mais quadrados e vai ajudando-os a compreender que é por ali o caminho do filho”, desenvolveu o diácono.
CB