Presidentes da Câmara de Lisboa e da junta de freguesia garantiram apoio à intervenção na igreja histórica
Lisboa, 05 jun 2018 (Ecclesia) – O pároco de São Cristóvão, em Lisboa, recebeu o presidente do município e o da sua junta de freguesia na sessão de lançamento da “primeira telha” da igreja, que marca umas das fases de intervenção no património edificado.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o padre Edgar Clara realçou que se o Município de Lisboa “está disponível para ajudar é fundamental”, porque para além do seu auxílio direto pode ser também um apoio a que “outras instituições possam ajudar”.
A nova empreitada – recuperação do telhado e fachadas – vai ter a duração de seis meses e um custo de 140 mil euros; segundo o sacerdote “só falta 860 mil euros” para concluir toda a intervenção num orçamento total de 1 milhão de euros, que já tem três anos.
“A camara fará o seu papel e teremos todo o gosto em apoiar este projeto: Por esta igreja, pelo espaço extraordinário, pela história mas também pela perseverança do padre”, disse o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, esta segunda-feira.
Fernando Medina explicou que o município, que representa o Estado laico, apoia financeiramente a recuperação de igrejas pelo facto de serem mais do que um “local de culto”, afinal, fazem parte da “história e da cultura”.
“O caminho é não fecharmos mas abrirmos estes locais de culto, sagrados, que têm de ser respeitados como tal mas ganham muito em serem vividos e usufruídos pela comunidade em muitas outras manifestações”.
Neste contexto, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa realçou que também apoiaram a recuperação dos claustros e do espaço expositivo do Convento na Graça, com um “apoio muito significativo” vão ajudar “a recuperação da antiga Casa dos Vinte e Quatro”, ao lado da igreja de São José.
Fernando Medina adiantou ainda que já falou com o cardeal-patriarca de Lisboa para realizarem “o mesmo processo na igreja de Campolide” que é um espaço emblemático da cidade: “Espaço de cultura, de reunião da nossa identidade, da nossa história”.
A igreja de São Cristóvão, no bairro histórico da Mouraria, venceu o Orçamento Participativo de Lisboa, em 2014, e os 75 mil euros foram usados num projeto de marketing cultural que permitiu angariar “cerca de 170 mil euros” quer estão a ser usados na recuperação do património edificado e nas obras de arte.
O presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior afirmou que quer “ajudar o mais possível” a que o “sonho” se “vá transformando em realidade” uma vez que “é importante para todos” que a igreja “possa readquirir o esplendor e a sua afirmação neste território”.
“Tem em nós um grande aliado somos parte interessada para que a obra se realize”, disse Miguel Coelho, assegurando o “compromisso” da junta dar uma quantia pecuniária para as obras.
Depois de ler a passagem do Evangelho de São Mateus que conta o encontro entre Jesus e a mulher cananeia que pede a cura da filha, o padre Edgar Clara, pároco local, pediu aos presidentes para aliviarem “os padres que querem rezar” e pediu, por exemplo, “umas migalhinhas do imposto do turismo”.
O programa desta segunda-feira contemplou uma visita à parte dos túmulos, a duas obras do escultor Rui Chafes, e um ato simbólico de início das obras nas paredes exteriores, cantaria e telhado.
“Com as telhas velhas, a ideia é personalizar e vender”, disse o padre Edgar aos jornalistas.
Para os próximos meses, a começar já em junho, estão previstas várias iniciativas, como as ‘Visitas em Obra’, uma vez por semana, para todos que se inscreverem e quiserem conhecer os trabalhos em curso guiados pelos técnicos responsáveis.
A igreja de São Cristóvão vai continuar a promover ‘Visitas Guiadas à Mouraria Cristã’, onde o pároco vai marcar presença e receber os visitantes, jantares culturais e outros eventos para angariar apoios para a recuperação do monumento do século XVII.
‘Arte em Obra’ é uma iniciativa onde o padre Edgar Clara vai convidar artistas da Mouraria para pintarem a vida de São Cristóvão nas proteções dos andaimes e, em outubro, vão apresentar uma monografia sobre a igreja histórica.
Segundo o sacerdote, a publicação científica que vai mostrar “coisas fabulosas”, imagens da igreja que se encontram desaparecidas, informações do que era a Mouraria, da primeira catedral moçárabe, da história da igreja.
A paróquia está também a procurar mecenas para o restauro das 36 telas do século XVII, de Bento Coelho da Silveira, orçado em 350 mil euros, mas a prioridade é a segurança do edifício.
“O objetivo é garantir que o básico de um edifício está estável – telhado, paredes, janelas, eletricidade. Há coisas que resolvemos agora ou não vale a pena restaurar”, salientou o padre Edgar Clara.
Desde 2015, que a igreja de São Cristóvão também faz parte do programa Watch da World Monuments Fund, sendo “o primeiro edifício religioso nacional a conseguir integrar esta lista”.
CB/OC