Paulo Rocha realça desafio do Papa Francisco aos jornalistas na redescoberta da profissão, verdade e paz
Lisboa, 10 mai 2018 (Ecclesia) – O diretor da Agência ECCLESIA afirma que é necessário estar “alerta” para notícias que “aparecem como verdadeiras” e destaca a “atenção” do Papa Francisco ao quotidiano ao propor refletir sobre as ‘Fake news.
“O Papa fala na verdade porque fala depois num jornalismo de paz e creio que é este o objetivo último. É necessário defender a verdade e o jornalismo existe para a dizer à opinião pública e o que está em causa para a sociedade é a paz”, disse Paulo Rocha no âmbito do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2018, que se assinala este domingo, 13 de maio.
‘«A verdade vos tornará livres (Jo 8,32)». Fake news e jornalismo de paz’ é o tema escolhido pelo Papa Francisco; o diretor da Agência ECCLESIA considerou que o pontífice “desafia” os jornalistas na redescoberta da profissão.
“É um desafio que temos de levar muito a sério porque ser jornalista é uma profissão com credibilidade, muito indicadores mostram”, acrescentou na entrevista no programa ‘Ecclesia’, na RTP 2, observando também que é uma profissão “emprestada a muitos setores”, como por exemplo as assessorias de imprensa, o que “pode gerar confusão”.
Neste contexto, exemplifica que o assessor tem por objetivo “comunicar a verdade que interessa a uma empresa naquele momento”, comunicar o que interessa para venda de uma marca.
“Infelizmente, vemos muitos setores profissionais, e o desporto é o primeiro, onde a falta de regras estão em cima da mesa, onde vale tudo. Pergunta-se o que é que tem de jornalismo, para chegar à outra pergunta, o que é que tem de verdade”, desenvolveu.
A verdade, acrescentou, é aquilo que só se vai descobrir “se calhar daqui as umas gerações” porque do que é “dito, redito, e debatido está transformado num espetáculo”.
Paulo Rocha observa que, sobretudo, as redes sociais são um “ambiente propício” a que se “divulguem” e “multipliquem rapidamente” notícias falsas ou falsificadas pela mão humana, por isso, considera ser preciso estar “alerta” para as notícias que aparecem como verdadeiras e “têm algum objetivo, seja político, económico, religioso” e manipular a opinião pública.
“O Papa alerta para a necessidade de cada consumidor prevenir o consumo de notícias falsas, as que andam nas redes sociais. E naqueles grupos onde possamos gravitar sem sair deles a prevenção está de facto do nosso lado mas também daquilo que dizemos, que passamos com quem convivemos cada dia como sendo a verdade”, comentou.
A mensagem para o 52.º Dia Mundial das Comunicações Sociais termina com uma oração adaptada de São Francisco de Assis, que começa com o pedido: ‘Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz’.
Para Paulo Rocha, nessa oração o pontífice coloca todas as pessoas e a natureza numa “sintonia enorme, numa convivência e numa harmonia constante” que traduz para o ambiente jornalístico.
“Se quisermos existir em paz, na harmonia uns com os outros, com a sociedade, com as instituições, temos de colocar todas essas características no jornalismo que fazemos”, acrescentou.
A Agência ECCLESIA criou no seu portal uma página com conteúdos dedicados ao Dia Mundial das Comunicações Sociais, a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II (decreto ‘Inter Mirifica’, 1963).
HM/CB