Vaticano: «Escravatura não é coisa de outros tempos», alerta o Papa

Francisco pede ação comum dos cristãos para travar tráfico e exploração de seres humanos

Cidade do Vaticano, 07 mai 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco alertou hoje para a persistência do fenómeno da escravatura, sob várias formas, e apelou a uma ação comum dos cristãos para travar o tráfico e a exploração de seres humanos.

“A escravatura não é coisa de outros tempos, é uma prática que tem profundas raízes e se manifesta ainda hoje de várias formas: tráfico de seres humanos, exploração do trabalho através de dívidas, exploração de crianças, exploração sexual e trabalho doméstico forçado são algumas das muitas formas. Cada uma delas é mais grave e desumana do que a outra”, adverte, numa videomensagem divulgada pelo Vaticano.

A intervenção dirige-se aos participantes no II Fórum Internacional sobre a escravatura moderna, iniciativa ecuménica que decorre em Buenos Aires.

O Papa, antigo arcebispo da capital argentina, sublinha que os líderes cristãos partilham a “mesma preocupação” com as vítimas destes abusos, lamentando a “indiferença” perante estes casos.

O fórum “Velhos problemas no novo mundo” decorre até terça-feira, com organização da arquidiocese ortodoxa de Buenos, guiada pelo Metropolita Tarasios, e pelo Instituto Ortodoxo “Patriarca Atenágoras” de Berkeley, Califórnia, com o patrocínio do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla.

A mensagem do Papa Francisco cita estatísticas recentes, segundo as quais existem atualmente “mais de 40 milhões de pessoas, homens, mas principalmente mulheres e crianças, em situação de escravidão”.

O pontífice defende a importância de “conhecer o tema” e de “agir” em favor das vítimas, defendendo os seus direitos.

“Ninguém pode ficar indiferente e, de algum modo, cúmplice desse crime contra a humanidade”, observa o Papa, com um apelo a “impedir que os corruptos e os criminosos escapem da justiça e mantenham o controlo sobre as pessoas escravizadas”.

Francisco assinala que, quando os países vivem situações de pobreza extrema, violência ou corrupção, não conseguem “garantir a segurança, os bens e os direitos essenciais”.

“Oo crime organizado e o tráfico ilegal de seres humanos escolhem as vítimas entre as pessoas que hoje possuem meios escassos de subsistência e menos esperança pelo futuro”, entre os “mais pobres, marginalizados e descartados”, alerta.

Educação e trabalho são as propostas de Francisco para responder aos desafios colocados pelas situações de escravatura moderna, numa colaboração ecuménica “para superar as desigualdades e discriminações”.

OC

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Agência ECCLESIA

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