O Cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, irá presidir em nome de João Paulo II aos funerais do fundador do movimento eclesial “Comunhão e Libertação” (CL), D. Luigi Giussani. As cerimónias terão lugar a 24 de Fevereiro, no Duomo de Milão. D. Luigi Giussani, faleceu esta madrugada aos 82 anos, devido a “insuficiência respiratória e renal” que surgiu na sequência da pneumonia que o atingira nos dias recentes. O anúncio foi feito pela presidência do movimento, que enviou uma mensagem às comunidades do CL presentes em todo o mundo, pedindo-lhes que “celebrem a Eucaristia” em sufrágio de D. “Gius”, como carinhosamente era tratado pelos membros do movimento. Luigi Giussani nasceu em Desio (na província de Milão em Itália) a 15 de Outubro de 1922. Estudou no seminário da Diocese de Milão e na Faculdade de Teologia de Venegono, onde veio a ser professor durante vários anos. Nos anos cinquenta deixou o ensino universitário para ensinar em liceus. De 1964 a 1990 dirigiu a cadeira de Introdução à teologia na Universidade Católica do “Sacro Cuore” em Milão; os conteúdos do curso eram: o sentido religioso no homem; os problemas da religiosidade no mundo contemporâneo; os problemas da Igreja de hoje e as linhas fundamentais para uma posição eclesiologicamente Católica. Desde sempre, o seu campo de investigação foi – com particular atenção à Teologia ecuménica – o estudo das motivações racionais para a adesão à Igreja, bem como o modo cristão de viver, transmitir e suscitar a fé. Em 1954 lecciona Religião a alunos do liceu. Começa assim a dar vida a um movimento eclesial – nessa altura com o nome de Gioventú Studentesca, e mais tarde chamado Comunhão e Libertação – que é hoje uma realidade viva em mais de 60 países do mundo. Foi o fundador da Fraternidade de Comunhão e Libertação, uma associação de leigos, e da associação eclesial Memores Domini, uma experiência de total dedicação a Cristo, nascida de dentro do Movimento de Comunhão e Libertação. Ambas as associações foram reconhecidas e aprovadas pelo Conselho Pontifício para os Leigos, respectivamente em 1982 e em 1988. D. Giussani foi ainda consultor da Congregação do Clero e do Conselho Pontifício para os Leigos. Em 1995 foi premiado com o Prémio Nacional da Cultura Católica (em Itália). Ao longo da sua vida, D. Luigi Giussani foi autor de numerosos trabalhos, pelo os quais se formaram gerações inteiras, incluindo: Teologia protestante americana. Profilo storico (1969); Il senso religioso* (1968); Tracce d’Esperienza Cristiana* (1972); Dalla liturgia vissuta: una testimonanza (1974); Il movimento di Comunione e Liberazione (1976); Il rischio educativo (1977), Decisione per l’esistenza* (1978); L’Alleanza (1979), Moralitá: memoria e desiderio (1980); Alla ricerca del volto umano* (1984 e 1995); Pregare (1984); La fede e le sue imagini (1984); La conscienza religiosa nell’uomo moderno* (1985); All’origine della pretesa cristiana* (1988); Grande linee della teologia protestante americana (1989); Percè la Chiesa. Tomo I: la pretesa permane* (1990); Perchè la Chiesa. Tomo II: il segno eficcace del divino nella storia* (1991); Un avvenimento di vita cioè una storia (1993); L’avvenimento cristiano (1993); È, se opera* (1994); Il senso di Dio e l’uomo moderno* (1994); Si può vivere così? (1994); Il cammino al vero è un’esperienza (1995); Il tempo e il tempio (1995); Le mie letture (1996); Si può (veramente?) vivere così? (1996). Os seus trabalhos foram traduzidos em vários idiomas, incluindo os inglês, francês, alemão, espanhol, português (assinalados com*), russo e polaco. Fraternidade A Fraternidade de Comunhão e Libertação é uma associação eclesial de direito pontifício reconhecida por decreto do Conselho Pontifício para os Leigos de 11 de Fevereiro de 1982. A Associação tem por fim promover a comunhão como exigência fundamental da vida que tende a exprimir-se numa vida comunitária segundo o carisma próprio do Movimento Comunhão e Libertação. O seu fim peculiar é o de “promover a comunhão através da proposta de fé nos ambientes que mais determinam a mentalidade da pessoa, como, por exemplo, a vida familiar, a escola, a universidade, o ambiente de trabalho, os bairros urbanos, o mundo da cultura” (do art. 3º dos Estatutos). A Associação “propõe-se o anúncio e catequese capilares; a celebração frequente dos sacramentos; o trabalho cultural como aprofundamento e expressão da própria fé; a acção caritativa como educação para o serviço gratuito do outro; o empenho missionário como educação para o sentido de catolicidade da Igreja” (art. 4º dos Estatutos). Os membros da Fraternidade são adultos que se empenham segundo os fins e o método da Associação; tal método consiste numa regra minimal de ascese pessoal que prevê: momentos quotidianos de oração; a participação em encontros de formação espiritual, incluindo um Retiro Anual; o apoio, também económico, das iniciativas caritativas, missionárias e culturais promovidas ou apoiadas pela Associação. O órgão directivo da Associação é a “Diakonia Central”, presidida pelo fundador, Mons. Luigi Giussani, e composta por 40 pessoas, responsáveis pelas regiões e âmbitos de presença. No seio da Diakonia Central são eleitos o vice-presidente, o secretário-geral e o tesoureiro. A Associação prevê órgãos directivos e responsáveis ao nível diocesano, regional e sectorial. Em cada comunidade diocesana há um assistente eclesiástico nomeado pelo Bispo Ordinário Diocesano sob proposta do presidente da Associação. CL O Comunhão e Libertação é um Movimento eclesial cujo objectivo é a educação dos seus membros na maturidade Cristã e a colaboração na missão da Igreja Católica na sociedade de hoje. Em Itália o Movimento tem cerca de 100 000 membros, de todas as idades, e está espalhado por todo o território. Não há um cartão de membro, apenas a participação livre de cada pessoa. O CL está presente em 64 países, incluindo a Alemanha, a Espanha, Portugal, a Suíça, a Bélgica, a França, o Reino Unido, a Irlanda, a Polónia, a ex-União Soviética, a ex-Jugoslávia, a Hungria, a República Checa, a Eslováquia, a Roménia e Malta na Europa; os Estados Unidos, o Canadá, o México, o Chile, a Argentina, o Paraguai, o Brasil, o Peru e a Colômbia na América; o Uganda, o Quénia, a Nigéria, os Camarões e Moçambique em África; o Líbano e Israel no Médio Oriente; e o Japão, a Formosa e Hong Kong na Ásia. A educação para a fé toma lugar em comunidades que estão presentes nos vário “ambientes” (na escola, na universidade, no trabalho). Na vida comunitária, que se funda na obediência a uma autoridade, no viver dos Sacramentos e no ouvir a palavra de Deus, uma pessoa aprofunda as dimensões fundamentais do acontecimento Cristão: a cultura, a caridade, o trabalho e a missão. O Movimento nasceu em Itália em 1954, quando Monsenhor Luigi Giussani deu vida a uma iniciativa de presença Cristã chamada Gioventú Studentesca (GS – Jovens Estudantes Cristãos) no liceu Berchet em Milão. O nome actual, Comunhão e Libertação (CL), apareceu pela primeira vez em 1969, e resume a convicção de que o acontecimento Cristão vivido em comunhão é a fundação da autêntica libertação do homem. O ponto principal do Movimento é que a Cristandade é um acontecimento que investe e tende a determinar toda a vida de cada homem, como afirma João Paulo II na sua primeira encíclica Redemptor Hominis: “O Redentor do homem, Jesus Cristo, é centro do cosmos e da história”; a fé é, por isso, a fonte, o critério de julgamento, e a razão totalmente adequada para a acção. O Movimento é dirigido por um Conselho Geral, até agora presidido por Monsenhor Giussani. Nos vários âmbitos nacionais, regionais e locais onde o Movimento está presente, os seus membros são responsáveis pela sua condução. A formação básica dos membros do Movimento é garantida por um catequese semanal: texto, meditação pessoal e encontro comunitário que são chamados “Escola de Comunidade”. Fonte: página oficial portuguesa
