Cimeira do G 8 – Grupo dos Oito

No começo de Junho realizou-se a Cimeira do G 8, em Évian-les-Bains, na França. Évian é uma estância balneária junto ao lago Leman, que divide nos Alpes a França da Suiça. Quem é o GRUPO dos 8? O G 8 é constituído pelos países mais ricos: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão e a que juntam a Rússia. É o “clube dos ricos”. Estas nações têm mais riqueza que o produto interno bruto dos 49 países mais pobres do Mundo, que juntos têm 650 milhões de pessoas. Têm 10% da população e uns 60% da riqueza! Destes países, quatro têm direito a VETO no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Estes países são os donos maioritários do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Têm o maior poder militar e sofisticado, incluindo poder nuclear. Desde 1975 que estes países se reúnem informalmente, mas regularmente. Têm sempre na sua agenda de conversa uma preocupação nítida de se ocuparem dos verdadeiros problemas da sociedade, sobretudo dos problemas das nações menos desenvolvidas. Na sua agenda os problemas da saúde, da segurança, da fome estão sempre presentes. Na cimeira de Evian-les-Bains, os grandes temas eram o “terrorismo”, “o mundo da corrupção comercial, o narcotráfico, o crime organizado. Causas que merecem o nosso aplauso. Em anos passados, têm tido decisões interessantes a favor dos pobres: decidiram, por exemplo, que até 2015 reduziriam para metade os números da fome; no entanto, ela não deixa de aumentar; decidiram perdoar a dívida externa aos 40 países mais pobres, todavia impuseram tais condições que só sete conseguiram. Protestos Muitas instituições não governamentais, a nosso ver com grande razão, têm-se anualmente oposto a estas cimeiras dos países ricos. Acusam-nos de quererem ser os “donos do mundo”, de imporem aos outros países comportamentos que os sirvam; acusam-nos de serem causadores da precariedade de emprego, de instabilidade das condições de vida; de políticas que favorecem as multinacionais; são factor de exclusões culturais e destruição do meio ambiente. Os convidados Uma novidade nesta Cimeira: doze grandes países em desenvolvimento foram convidados, como Brasil, México, China. Tiveram dez minutos de antena no primeiro dia da Cimeira. O Presidente do Brasil foi um convidado de distinção. Apresentou um plano para a irradicação da fome e disse do seu desejo de trabalhar pela integração da América Latina. Lula da Silva foi muito aplaudido. Mas no comunicado final da cimeira não há alusão ao seu plano contra a fome. Decisões? No Final da Cimeira, o Presidente francês, o anfitrião, deu uma entrevista. Dela sintetizo as boas intenções dos países ricos: · A cimeira é uma mensagem de solidariedade, de coesão e confiança no que diz respeito à actividade económica, ao emprego e ao progresso social. · O G 8 compromete-se a tornar o mercado comercial responsável, e com uma responsabilidade social e ambiental. · O diálogo com a África é prioritário para que os países em desenvolvimento possuam os meios que facilitem esse desenvolvimento. · No que respeita à área da água, o G 8 assume colectivamente um compromisso muito forte de modo que o número de habitantes do planeta, que não têm acesso hoje à água e ao saneamento, diminua em metade. · No que respeita à área da saúde, compromete-se a um progresso no acesso aos medicamentos por parte dos países pobres. · O G 8 promete mobilizar financiamentos importantes para a luta conta a fome. · Quanto ao meio ambiente, lutará contra as alterações climáticas . · Propõe-se lutar contra o terrorismo através de todos os meios à sua disposição. Poder-se-ia concluir que o futuro vai ser melhor, sobretudo para os pobres e países pobres. Mas há que não ser ingénuo. A Europa continuará a fazer mil e um problemas à entrada de imigrantes, bem como os Estados Unidos da América e o Canadá. Os ricos sonharão em aumentar a sua “qualidade de vida” e não permitirão que os pobres lhes belisquem os seus quinhões. Estas boas intenções sairão do papel? Da Cimeira, os Países convidados saíram com a convicção de que também eles têm que fazer uma “Nova Aliança” – o GRUPO dos Países em desenvolvimento. Veríssimo Teles

Partilhar:
Scroll to Top