800 anos de influência dos Dominicanos em Portugal

800 anos de presença dos Dominicanos em Portugal foram alvo de estudo e reflexão, ao longo deste fim-de-semana, num Congresso que reuniu especialistas e historiadores das Ciências Humanas. A pregação, a missionação, a relevância espiritual e cultural, a relação que a Ordem dos Pregadores manteve com as estruturas do poder e da sociedade, o seu papel na Inquisição, as relações na época do Marquês de Pombal foram temas abordados. “Aspectos pertinentes para reflectir sobre a relação dos Dominicanos com a Igreja e com a sociedade, mas também com a própria evolução da cultura portuguesa”, aponta José Eduardo Franco, da Comissão Executiva do Congresso, à Agência ECCLESIA. O nascimento oficial da Ordem dos Pregadores, como corpo organizado data de 22 de Dezembro de 1216. Porém, os irmãos pregadores começaram a existir desde que S. Domingos, em 1215, reuniu à sua volta alguns discípulos. Quando apareceram “foi como ordem intelectual, dedicados ao estudo. Os grandes teólogos, professores e pedagogos, vieram da Ordem dos Dominicanos”, refere José Eduardo Franco. A eles se deve a formação de elites, assessoria política e desempenho de funções de altos cargos, chegando mesmo a ser consultados por outras ordens que “iam beber conhecimento aos Dominicanos”, aponta. Frei José Augusto Mourão, Presidente do Instituto São Tomás de Aquino, aponta o Séc. XVI como um período em que, “dada a conjectura da reforma e contra reforma”, permitiu perceber a influência de destaque que os Dominicanos tiveram em Portugal. “A Ordem dos Dominicanos tem uma tradição cultural muito fina, estando especialmente dirigidos à universidade e desde sempre, à cultura. Estavam melhor preparados, eram os confessores e os conselheiros do rei, sendo consideradas uma das entidades consultadas”, refere o Presidente do Instituto. Já José Eduardo Franco adianta “a importância que esta ordem teve na formação de quadros do humanismo português”, com destaque para os campos da teologia, do direito e da formação eclesiástica, assim como o contributo para a alta cultura portuguesa. Ao longo de 800 anos de história muitas foram as figuras de destaque. Frei Bartolomeu dos Mártires e o seu contributo no Concílio de Trento, “tendo sido depois Arcebispo de Braga, teve um papel exemplar como bispo modelar bizantino, bispo iniciador de pastoral de acordo com o que foi traçado em Trento”, aponta José Eduardo Franco, que acrescenta ter sido “iniciado o processo de canonização”. Francisco Freire e “o seu contributo para o catecismo foi muito importante”, refere Frei José Mourão. Os períodos de missionação em África e no Oriente, e o renascimento nas décadas de 60 e 70, no Séc. XX foram também apontados como períodos de destaque. “Este ano inaugura-se uma novena de comemoração do oitavo centenário da fundação do dominicanismo, não só no ramo masculino mas também feminino”, aponta José Eduardo Franco, tendo o ramo feminino sido o primeiro a ser fundado. “Houve portanto um protagonismo masculino, mas também feminino”, acrescenta. Em Portugal estão presentes as Irmãs Dominicanas Irlandesas, Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, Irmãs Missionárias Dominicanas do Rosário e as Irmãs Missionárias Dominicanas de S. Domingos. Frei José Augusto Mourão refere “haver ainda muito para fazer”, dando continuidade a investigação e ao levantamento do que ainda não está realizado e de muitas obras não editadas. O futuro desta Ordem dos Pregadores tem de continuar a basear-se no carisma próprio: “uma ordem marcada pela vida contemplativa, pela oração e pelo estudo”, precisa o Presidente do Instituto São Tomás de Aquino.

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