Desde 1954 que é celebrado, em todo o mundo, no último domingo de Janeiro, o Dia Mundial dos Leprosos (D.M.L.). Este Dia foi instituído pela ONU, a pedido de Raoul Follereau, o Apóstolo dos Leprosos do Séc. XX, que, preocupado pela situação humilhante de milhões de doentes de Lepra existentes em mais de 100 países endémicos, os quais estavam votados ao mais desumano estado de exclusão e de esquecimento, iniciou a batalha contra esta terrível doença. Raoul Follereau empreendeu então a luta contra a doença da Lepra, promovendo o tratamento e cura dos enfermos, a sua reabilitação, reinserção e dignificação em igualdade aos demais doentes. A celebração desta grande jornada de solidariedade a favor da causa dos Leprosos (D.M.L.) oferece uma oportunidade singular a todas as pessoas de tomarem conhecimento e reflectirem seriamente sobre a situação de carências destes doentes e assumirem o compromisso de ajudar o seu tratamento e cura. Considerada desde os tempos bíblicos como castigo divino, a doença de Hansen (nome derivado do médico norueguês Dr. Armauer Hansen que identificou em 1873, pela primeira vez, o bacilo causador da doença – Mycobacterium Leprae) tem sido desde sempre motivo de sofrimento, exclusão, mutilação e morte para os doentes e seus familiares. Trata-se de uma doença infecciosa crónica, transmitida de pessoa a pessoa, sem previsão de vacina a curto prazo, caracterizada por longa incubação, vários anos, que se manifesta na pele por manchas esbranquiçadas, insensíveis à dor, ao calor, frio e tacto, que, sem tratamento, se transformam em ulceras purulentas; afectam o sistema nervoso periférico, causando a mutilação dos membros, nariz, orelhas e a cegueira. O bacilo de Hansen atinge sobretudo as pessoas “susceptíveis”, isto é, as pessoas mais expostas devido a debilidades por desnutrição, falta de cuidados de saúde e de higiene. Raoul Follereau chamava à Lepra a filha primogénita da pobreza e da fome. Presentemente, já há tratamento e cura para a doença e são, efectivamente, curadas cerca de um milhão de pessoas por ano. Mas as situações de pobreza, carências económicas devidas às injustiças, à ignorância, às guerras e catástrofes naturais fazem surgir anualmente, em todo o mundo, cerca de 600/700 mil novos casos de Lepra. Apesar dos esforços dos serviços oficiais dos países endémicos e das ajudas de muitas O.N.G.s, aquelas situações dificultam o acesso ao tratamento e cura de muitos doentes, facilitam o contágio e tardam a sua erradicação, cujo prazo já foi prorrogado pela O.M.S. por várias vezes, estando actualmente previsto para 2015. No conceito da O.M.S., entende-se por erradicação da doença quando em determinado país ou região endémica, a prevalência da doença for inferior a 1 doente por 10 mil habitantes. A APARF disponibiliza meios humanos e financeiros para a execução de dezenas de projectos destinados a tratar e curar, reabilitar e reinserir, permitir habitação, alimentação e higiene aos doentes de Hansen e suas famílias, ao mesmo tempo financia a edificação e equipamento de centros de saúde, aquisição de viaturas para transporte e acompanhamento de doentes, dentro do espírito da Mensagem de Raoul Follereau: “Combater a Lepra e todas as lepras”.