50 anos de vocação

O Pe. José Augusto Pereira nasceu a 4 de Outubro de 1932 no lugar de Vila Seca na Freguesia de Pinheiro, no Concelho de Castro Daire, Distrito de Viseu, Diocese de Lamego. Foi ordenado Sacerdote a 15 de Agosto de 1957 na Sé de Lisboa, é sacerdote da Diocese de Setúbal e comemora Bodas de Ouro sacerdotais. Actualmente é o Director da Comissão Diocesana de Arte Sacra; Assistente Diocesano do CPM, Assistente Espiritual do Externato Diocesano “Frei Luis de Sousa” de Almada e Coordenador da Escola da Fé. Como foi a descoberta da sua vocação? Foi importante a influência de duas tias freiras, que me provocaram, pois com a idade que tinha, não havia ideias claras, era mais o desejo de aventura, o desejo de ir, de sair. Com a ajuda delas, com a sua experiência, com a sua motivação e acima de tudo com a oração delas é que fui para o seminário. Fui a Lamego fazer o exame de admissão ao seminário onde tinham 120 inscrições e somente 70 vagas, como eu era dos mais novos tinha de ficar à espera um ano. Como eu queria ir para o seminário, com ajuda das minhas tias religiosas e de um primo que estava em Santarém, foi-me feita a proposta de ir para lá. O Seminário de Santarém tinha acabado de ser restaurado, entrei a 25 de Abril de 1944. Como recorda o dia da sua ordenação? Depois da experiência de seminário, pela escolha do Senhor, foi com alegria e satisfação. Recordo um dia já no Seminário dos Olivais o Cónego Figueiredo, Director Espiritual, que me chamou e perguntou se queria ser mesmo padre, para eu ficar a pensar nisso. Isso provocou-me no bom sentido. Estava no seminário desde miúdo, era um querer que se foi esclarecendo. Fui ordenado na Sé de Lisboa a 15 de Agosto de 1957. Fomos ordenados dezoito sacerdotes para as várias dioceses, estudavam também em Lisboa os de Aveiro, Beja, e Algarve. Para a Diocese de Lisboa fomos ordenados nove sacerdotes. Qual o seu primeiro trabalho pastoral? O Sr. Patriarca pediu-me para ir para a Serra de Tomar ajudar o Pe. José Dias, que era já idoso, estava doente e tinha sido capelão na guerra de 1914-18. No ano seguinte, em 1958 vim para o Pinhal Novo e Rio Frio, em 1964 o Pinhal Novo tornou-se paroquia deixando de ser vicariato, o que merece uma palavra na medida em que na questão de Rio Frio ficou combinado que seria para um sacerdote idoso ou doente. No Natal de 1964 saio de Rio Frio e venho para a Paróquia do Seixal, onde estive até ao ano de 1992. Quais os desafios que julga colocarem-se à Igreja nos nossos dias? Houve tentativa de tirar a Igreja da Igreja, comprometer os cristãos com a vida, com a sociedade, nos locais onde podemos estar, pois há o perigo de a Igreja ficar dentro da Igreja. O grande problema para alem da formação dos cristãos, onde a escola da fé e a catequese de adultos são fundamentais para que tenhamos cristãos validos e conhecedores, com justificação para a sua fé, para que não seja só sentimental; tem que ver com o facto de ser preciso criar condições para que os cristãos estejam na vivência social, pela sua formação e sua presença. Bodas de ouro sacerdotais, 50 anos de sacerdócio, de fidelidade, qual o conselho para quantos querem entregar a sua vida a Cristo ou dão os primeiros passos na vida sacerdotal? Para mim fundamentalmente é crer e assumir, temos tempo de estudo da própria vocação, há idade mínima para ordenação. A decisão tem de ser assumida, temos de nos comprometer, temos de ser fieis à palavra que demos. A partir do momento em que digo sim ao Senhor eu não posso ser mentiroso. Penso que nas dificuldades, é necessária uma relação forte com Deus, recordando a frase de São Paulo, nos momentos de provação « Deus não permite que sejamos tentados acima das nossas forças». Eu disse sim, que foi consciente, depois não posso dizer não, é uma questão de honra, e acima de tudo o Pai do Céu ajuda. Mas de facto eu tenho uma situação privilegiada, duas tias religiosas sempre a rezar por mim, nas horas difíceis da vocação e de decisão sempre contei com a oração delas. Quando era um padre jovem foram dois esteios junto do Pai do céu. Agradeço a Deus por esta vida de entrega com esforço meu, com certeza, mas acima de tudo com ajuda do Pai do céu, não tenho dúvida nenhuma.

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