40 mil jovens entram em 2008 a rezar

Cristãos de toda a Europa em Genebra para viver uma passagem de ano diferente, ao estilo de Taizé 40 mil jovens estão a participar no Encontro Europeu de Jovens em Genebra, promovido pela comunidade ecuménica de Taizé até 1 de Janeiro próximo. Dando continuidade aos Encontros de Zagreb, Milão, Lisboa, Hamburgo, Paris ou Budapeste, o Encontro de Genebra será uma nova etapa da «Peregrinação de Confiança através da Terra», lançada pelo irmão Roger há mais de 25 anos. Simbolicamente, o encontro acontece na terra natal do fundador da comunidade ecuménica. As dezenas de milhares de jovens de toda a Europa e também dos outros continentes receberam uma carta do irmão Alois, o sucessor do irmão Roger. Intitulada «Carta de Cochabamba», escrita na Bolívia durante um recente encontro de jovens latino-americanos animado pela Comunidade de Taizé, este texto vai inspirar a reflexão dos jovens reunidos até ao dia 1 de Janeiro em toda a região à volta de Genebra. Há quatro perguntas no final da carta do irmão Alois. Estas perguntas estarão no centro dos tempos de partilha que terão lugar todas as manhãs nos 160 pontos de acolhimento. Elas serão retomadas de distintas formas durante os 25 encontros de reflexão nas tardes dos dias 29 e 31, na Palexpo. São estas as perguntas: – Em situações de conflito, saberemos escutar o outro? – Saberemos procurar uma repartição mais justa dos bens? – Seremos próximos daqueles que são mais pobres do que nós? – Seremos capazes de chegar ao ponto de perdoar? Os jovens estão alojados nas casas de milhares de famílias de toda a região, de Bellegarde a Yverdon-les-Bains, de Genebra a Montreux. Serão também publicados para o Encontro Europeu de Genebra dois outros textos do irmão Alois, que serão traduzidos em 26 línguas e entregues a cada um dos participantes. Um deles é um apelo à reconciliação dos cristãos. O irmão Alois escreve: «Em Cristo pertencemos uns aos outros. Quando os cristãos estão separados, a mensagem do Evangelho torna-se inaudível.» No segundo texto, intitulado «Carta a quem gostaria de seguir Cristo», o irmão Alois continua: «Deus chama-te à liberdade. Não faz de ti um ser passivo. Pelo seu Espírito Santo, Deus habita em ti, mas não se substitui a ti. Pelo contrário, ele desperta energias insuspeitas.» O irmão Alois vai falar todas as noites, durante as orações comunitárias na Palexpo. A oração comunitária de Domingo 30 de Dezembro, que reunirá dezenas de milhares de jovens, será transmitida em directo em Eurovisão pela TSR 2 das 19:00 horas às 20:10 horas. Meditações do irmão Alois «Eis-nos reunidos em Genebra para o trigésimo Encontro Europeu de Jovens. Respondemos com alegria ao convite insistente das Igrejas daqui e gostaríamos de manifestar o nosso reconhecimento pelo acolhimento generoso de tantas paróquias e famílias em Genebra, no cantão de Vaud e até em França. Há uma grande diversidade entre nós! Viestes de todos os países da Europa, e alguns mesmo de outro continentes. Gostaríamos de acolher esta grande diversidade como um dom. Pertencemos todos à mesma comunhão da Igreja. Foi de Genebra que o irmão Roger partiu para procurar um lugar para fundar a nossa comunidade. E para nós, irmãos, vir aqui significa vivificar o que está no coração da nossa vocação: reconciliar-nos entre cristãos para ser fermento de paz na família humana. Recentemente, tivemos um encontro latino-americano de jovens em Cochabamba, na Bolívia. Neste país, as tensões sociais e económicas são enormes. Mas encontrei lá jovens muito conscientes dos problemas, dispostos a comprometer-se para procurar a reconciliação e a lutar com um coração reconciliado. Na história dos povos, por vezes foram suficientes algumas pessoas para fazer pender a balança em direcção à paz. Ao meu lado está o César, de Cochabamba. Pedi-lhe para nos dizer algumas palavras. César: Estou feliz por estar aqui convosco. Gostaria sobretudo de vos pedir para rezarem pela Bolívia e por toda a América Latina. O meu país está a atravessar um momento difícil, mas é também um momento de esperança. Qualquer coisa de novo pode nascer. Rezem connosco ! Na Bolívia, como noutros lugares, há uma urgência de reconciliação. Mas o que é a reconciliação? O irmão Roger não tinha uma estratégia da reconciliação, mas ia ao encontro do outro, quem quer que ele fosse. Reconciliar-se é ir ao encontro do outro, e isso começa no plano das relações pessoais: perseverar para procurar uma comunhão humana com aqueles que nos são mais próximos. Será que não desanimamos demasiado depressa quando há tensões e incompreensões? A felicidade construi-se com o tempo. Isto também é válido na sociedade. As comunicações tornam-se cada vez mais fáceis, mas ao mesmo tempo as nossas sociedades humanas são muito compartimentadas. Os paralelismos podem alimentar uma indiferença de uns em relação aos outros. E, com o tempo, criam-se preconceitos e mal-entendidos. Pensemos por exemplo nos imigrantes, tão próximos e contudo tantas vezes tão distantes. Também a Europa não se pode construir se não formos uns ao encontro uns dos outros. Se perante as instituições, que são indispensáveis, há hoje um certo cansaço, vemos também que há entre muitos de vós uma vontade de ultrapassar os regionalismos. Isso não significa abandonar as especificidades da cada povo ou de cada região, mas de realizar uma partilha dos dons. Para isso as relações pessoais são insubstituíveis. O nosso empenho pela a reconciliação encontra a sua fonte na reconciliação que Deus nos oferece. O perdão de Deus pode tocar o fundo do nosso ser e faz-nos nascer para uma vida nova. Pela vida de Cristo, vemos que Deus nunca se cansa de recomeçar sempre a caminhar connosco. Sim, Jesus assumiu o risco de acreditar no homem, ele deposita toda a sua confiança em nós. Encontramos aí uma fonte de alegria que nos permite viver a nós esta mesma reconciliação com os outros. Podemos acreditar que ela é possível sem nunca nos cansarmos, nós tão pouco, de recomeçar sempre. Isso implica um combate interior, mas lembremo-nos de que é um caminho de felicidade». Uma criança: Cada dia vamos dizer os nomes e rezar pelos povos aqui representados. Esta noite saudamos os jovens da Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Portugal, Espanha e Itália. Saudamos especialmente os que vieram do Egipto, do Iraque, de Israel e os palestinianos.

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