São de eficácia questionável as soluções arremessadas contra a crise. Diante dos problemas económicos, financeiros e sociais, crescem estudos e multiplicam-se teorias que – acredite-se – querem resolver problemas relativos à pessoa humana, porque relacionados com o seu trabalho, o comércio, a distribuição de bens e serviços, a organização social em que indivíduos e famílias estão inseridos. Mas tardam em aparecer soluções globais. Não surgem mesmo muitas teses concordantes quando circunscritas à fronteira dos números, das estatísticas. Emergem, neste debate mediático em que está envolvida a falência de um sistema económico-financeiro, opiniões de quem inclui toda a pessoa na procura de pistas que devolvam à eminência social de cada um a estabilidade necessária para viver a vida! Entre elas, a comum proposta de urgir uma nova atitude diante das coisas, das que têm valor real e virtual; da feira e do casino; diante dos bens próprios ou alheios; diante do dinheiro, ganho ou por ganhar. Consolidam-se também as histórias de instituições com provas dadas nas respostas sociais, porque apenas tentadas em criar condições dignas para a vida toda e de todas as pessoas. Está nessa conta a Cáritas, nos projectos que desenvolve a nível nacional e internacional e também na proximidade aos centros de pobreza e à pessoa em sofrimento. O Dia Cáritas, no III Domingo da Quaresma que nesta edição se apresenta, faz memória desse trabalho e procura parceiros para o concretizar, mais e melhor. Mas toda a Quaresma será ocasião propícia para fazer gerar essa tal atitude diante das coisas: a que as coloca sempre ao serviço do bem de todos, do bem comum, longe de egoísmos, de monopólios avarentos, de extremados escassos ou excessos materiais. O desenvolvimento das ciências sociais ofereceu às sociedades indicadores que ditam o limite mínimo da dignidade humana. Deveriam estabelecer também o máximo que, quando ultrapassado, colocasse em causa a mesma dignidade, própria e de todas as pessoas. Ao contributo que oferecem a quem procura meios de preparação da festa maior para os cristãos, a Páscoa, as práticas associadas à Quaresma podem ser um verdadeiro “laboratório” contra a crise. E, caso resulte, que não seja só por 40 dias!