40 anos de Bíblia Sagrada

Assinala-se este ano o 40º aniversário da “Bíblia Sagrada”, que a Difusora Bíblica editou em Janeiro de 1965, praticamente um ano antes do encerramento do Concílio Ecuménico Vaticano II e da Constituição dogmática Dei Verbum – que chamou a atenção para a importância da Palavra de Deus na vida dos cristãos e da Igreja. Uma verdadeira revolução na vida de gerações que, após essa publicação, se familiarizaram com os textos da Escritura. O movimento Bíblico, na altura com poucos anos de vida em Portugal, arriscou a edição do texto da Bíblia, “o grande acontecimento desse ano de 1965”. As memórias de Fr. Fernando Negreiros, religioso Capuchinho que esteve envolvido directamente no processo, são o melhor guia nesta história. “Já em 1957, o movimento editorial criado pela Difusora Bíblica era considerado o maior do género em toda a Europa, com vendas superiores a 500 mil exemplares”, relata à Agência ECCLESIA. A verdade é que faltava a obra de referência, “o Livro dos Livros”. A edição da “Bíblia Sagrada” acabou por surgir como consequência de uma acção iniciada em 1962. “Logo nessa altura, começamos a pensar numa tradução da Bíblia Sagrada, a partir dos textos originais – hebraico, aramaico e grego -, para que a pudéssemos lançar um par de anos depois”, recorda o Fr. Negreiros. O processo de tradução acabou por ser feito com o apoio de um biblista espanhol, Fr. Carlos, professor de Sagrada Escritura no Colégio dos Capuchinhos de León. O estudiosos enviava os textos, num português bastante tosco ou mesmo em espanhol, e Fr. Fernando Negreiros tratava de colocar esse material em português. Juntamente com três dactilógrafas, foi sendo feito o trabalho redaccional e tipográfico, em permanência, com todos os textos da Bíblia Sagrada. A intenção original era a de lançar a obra em 1964, antes da conclusão do Concílio Vaticano II, data aliás que figura na aprovação do Bispo de Beja, D. José do Patrocínio Dias. “A Bíblia só apareceu em Janeiro de 1965 e é a partir daí que ela se constituiu como a grande novidade que aparece no meio editorial português”, lembra o Fr. Negreiros. A edição veio preencher uma lacuna existente nos meios católicos, agitando as águas. A primeira edição foi de 50 mil exemplares, rapidamente esgotada. “Eu diria que este acolhimento da população portuguesa foi o culminar de toda a nossa actividade editorial”, assinala Fr. Fernando Negreiros. O formato da primeira edição era de 15,1×16,5, tendo depois sido aumentado em 1972 para 12×19, o que permitiu reduzir o número de páginas – que inicialmente era de 2198 – para 1644. A partir de então têm-se feito edições sucessivas da Bíblia Sagrada. Logo nos primeiros anos, até 1969, havia um aumento sistemático das tiragens das edições, tendo-se passado de 50 para 60 mil exemplares. A tradução da Bíblia Sagrada manteve-se intacta até ao ano de 1969. Entre 1969 e 1971, uma equipa de biblistas portugueses, contacta pela Difusora bíblica, procedeu a uma revisão do primeiro texto, bem como das introduções, notas e paralelos – incluindo-lhe um índice temático e doutrinal. A esta equipa se ficou a dever o texto editado em Janeiro de 1972, a quinta edição, que seria depois reeditado sucessivamente até 1998, num total de 19 edições. A Nova Bíblia dos Capuchinhos foi lançada oficialmente no dia 24 de Outubro de 1998, na sede da Universidade Católica Portuguesa, com uma 1ª edição de cerca de 80.000 exemplares, que rapidamente se esgotaram. Em Fevereiro de 1999, Frei Herculano Alves, o coordenador da tradução, iniciou a revisão completa da Bíblia, com alguns colaboradores. Uma das modificações mais importantes introduzidas nesta 2ª edição foi o título, que passou de Nova Bíblia dos Capuchinhos para Bíblia Sagrada, novamente. Na Constituição Dei Verbum pode ler-se que “é necessário, por isso, que todos os clérigos e outros que, como os diáconos e os catequistas, se consagram legitimamente ao ministério da palavra, mantenham um contacto íntimo com as Escrituras” porque “a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo”. Ao longo destes 40 anos, a Difusora Bíblica já lançou no mercado editorial mais de 1,5 milhões de Bíblias, ajudando a Igreja Católica a cumprir a sua missão no nosso país.

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Agência ECCLESIA

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