40.000 jovens em peregrinação a Zagreb: esperanças do prior de Taizé

Entrevista ao irmão Alois, sucessor do irmão Roger, à Agência Zenit De 28 de Dezembro a 1 de Janeiro, cerca de 40.000 jovens irão reunir-se em Zagreb para participar no XXIX Encontro Europeu de Jovens, animado pela comunidade de Taizé. Nesta entrevista concedida à agência Zenit, o irmão Alois Loser, sucessor do irmão Roger como prior da Comunidade de Taizé, confessa as suas esperanças em relação a essa peregrinação. Dentro de alguns dias, Zagreb acolherá milhares de jovens de toda a Europa e de outros continentes. Porque acontece esta peregrinação pela primeira vez na Croácia? Há muito tempo que os jovens croatas nos pediam que viéssemos à Croácia. Já nos anos setenta, ou seja, antes das mudanças políticas na Europa, puderam vir a Taizé. Mas era impossível organizar um grande encontro de jovens. Havia problemas políticos, a guerra… Era impossível. Agora, finalmente, podemos reunir-nos em Zagreb. Há uma grande generosidade neste povo e uma tradição de fé que ainda se mantém muito mais intacta que noutros países europeus. Como estão a decorrer os preparativos? Esta preparação é tão importante como o próprio encontro, pois o encontro só dura alguns dias. Não pode ser um fogo de palha, que dura um instante, mas que tem que mover algo no país, na cidade e na Igreja local, assim como entre os jovens que virão. Por este motivo, a preparação já começou na primavera passada: vários irmãos foram para estar no local. Também, desde Setembro, há um grupo de irmãos que vive ali junto de um grupo de voluntários da comunidade de Taizé. Visitaram todas as paróquias para reflectir sobre esta pergunta: «O que significa para vocês acolher os jovens que virão?». E isso mobiliza energias, mobiliza a imaginação, mobiliza também temores, pois «como vamos poder acolher tantos jovens?». Mas, em definitivo, isso faz surgir uma alegria. Quando pretende chegar? Qual será o seu programa? Darei uma pequena volta, porque quero visitar também os vizinhos, ou seja, a Sérvia, pois também há muitos jovens sérvios que vêm a Taizé, e, claro, queremos viver em comunhão com eles. Irei lá por ocasião do Natal. É uma maneira de mostrar que realmente estamos em comunhão com eles. Farei uma visita à Igreja Ortodoxa. Está prevista uma visita ao patriarca Pavle; e participarei também na missa do galo na Igreja Católica. De lá, irei para Zagreb. Acolherá os jovens entregando-lhes uma carta, a carta de Calcutá. Qual é o sentido desta carta? Escrevi «a carta de Calcutá», pois, como sabe, em Outubro passado, tivemos um encontro de jovens, 6.000 jovens procedentes de toda a Índia, e de muitos outros países da Ásia. Parece-me que esta abertura para com os demais, em particular, para os que se encontram muito distantes, é realmente necessária hoje. Vivemos numa época na qual os jovens podem viver muito mais facilmente uma comunhão além das fronteiras, graças às viagens, à Internet. Há muitos mais intercâmbios hoje que há vinte anos. E, nessa carta, lanço um apelo: «não vos deixeis levar pelo desânimo hoje». Muitos jovens se perguntam qual será o seu futuro pessoal, assim como o futuro da nossa sociedade, inclusive para a Igreja. É verdade, se formos realistas, que não sabemos para onde temos de ir. Então, não nos podemos deixar levar pelo desânimo, mas escolher o amor e a esperança. O que se espera dos jovens que virão do exterior? E dos croatas que os acolherão? Para todos os jovens que vêm de fora, trata-se de experimentar como os cristãos croatas vivem no local, como vivem a sua fé em família, na paróquia, na sociedade. Por este motivo, nas manhãs, o programa acontecerá sempre nas paróquias, organizado pelas paróquias, para que os estrangeiros possam participar na sua vida, ainda que só seja durante cinco dias. Mas, em cinco dias pode-se transmitir algo. Deste modo, os jovens que vivem no exterior se sentirão estimulados a comprometer-se mais na sua igreja local, uma vez que regressem às suas casas. Aos jovens croatas nós agradeceremos por terem partilhado o que são com os demais, e os alentá-los-emos a compartilhar osseus valores, pois há verdadeiramente uma grande generosidade nesse povo, uma grande capacidade de acolhimento e força para superar as situações difíceis. E para construir a Europa precisamos de valentia, reconciliação e paz. «Devemos ter a valentia da reconciliação!». É o que quero dizer aos jovens croatas. A dimensão ecuménica deste encontro europeu de jovens é muito importante. As mensagens que receberam são numerosas: do Papa, dos patriarcas ortodoxos Bartolomeu I e Alexis II, do chefe da Igreja anglicana… O que mais o impressionou nessas mensagens? Essas mensagens são para mim um grande alento. Mostram claramente que o que nós vivemos se vive também na Igreja e com a Igreja universal. Nós não queremos criar em Taizé um movimento separado. Nós reenviamos aos jovens que vêm aqui para a sua igreja local e queremos que se comprometam com a sua igreja local. As mensagens que recebemos são, portanto, um motivo de grande alento nesse sentido. Cada peregrinação tem um aspecto específico. Cada país tem a sua especificidade. Qual é a mensagem comum que permanece ano após ano, o fio condutor que anima a comunidade de Taizé? Esta é a primeira peregrinação a Zagreb. Veremos quais são seus aspectos específicos. Na Europa ocidental, temos a impressão de que a Croácia não é conhecida, de que só é conhecida pelas suas costas turísticas, não conhecemos verdadeiramente o seu povo, o que viveu, a sua história. Parece-me que esta escuta, a escuta deste povo, é importante. Pois, como podemos continuar a construir a Europa sem sair ao encontro dos povos que pedem para entrar na comunidade europeia e que fazem parte da Europa pela sua história? Se não os escutamos, então prevalecerão o medo, os preconceitos e as reticências, e fecharemos as fronteiras. Com este encontro na Croácia, queremos dar um sinal de abertura. Não temos soluções políticas para oferecer, mas podemos preparar o terreno para que as questões políticas possam ser bem propostas, para que possamos encontrar soluções. Depois de Calcutá, Milão, Hamburgo, Paris, Barcelona, Lisboa, o encontro de Zagreb constitui uma nova etapa da peregrinação de confiança na terra. Como escolheram o país que acolherá a próxima etapa? Em cada ano, nós nos perguntamos onde pode continuar esta peregrinação. E é necessário uma alternância entre o Leste e o Ocidente. Desde 1989, podemos ir à Europa central. É muito importante que se dê esta alternância, mas precisa-se também de uma cidade na qual haja um centro de congressos, onde possamos reunir-nos todos juntos. Cada Verão, em Taizé, recebemos jovens que chegam de diferentes continentes para passar três meses. E, no futuro, procuraremos encontrar uma forma de podermos acompanhar estes jovens em seus lugares de origem. Este foi o motivo que levou a organizar o encontro de Calcutá. Por este motivo, pensamos em organizar um encontro na América Latina no próximo ano. Anunciarei o lugar exacto aos jovens durante o nosso encontro em Zagreb. E depois procuraremos viver uma experiência deste tipo na África.

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