4 Copas… Cinema Português em Continuidade

2009 tem sido um ano produtivo para o Cinema português. E falamos em termos de exibição e não de obras mais ou menos escondidas, que ou acabam por não ter acesso ao mercado ou se destinam directamente, embora qualquer destas duas situações se tenha tornado rara nos últimos anos. Cerca de duas estreias por mês, em sala, é um número aceitável para a nossa pequena produção e permite aos realizadores passearem a sua imaginação e talento por géneros muito diversos.

Manuel Mozos, de que se aguarda a estreia do documentário «Ruínas» e nos deu já curtas e longas-metragens com algum interesse, rendeu-se em «4 Copas» a um tema e um estilo clássico, sem qualquer preocupação na originalidade ou inovação. Conta-nos um romance cruzado, com um forte sentido dramático, tendo de permeio o jogo como vício capaz de destruir relações familiares. Mas, sobretudo, centra-se na relação entre pai e filha, quando o segundo casamento daquele é fonte de fortes conflitos, envolvido numa traição que nada justifica.

O realizador segue um processo suficientemente académico e competente para não dar azo a grandes observações, salvo alguns erros de anotação facilmente detectáveis mas que não têm influência no ritmo da narrativa.

No todo fica um filme relativamente escorreito que, se fosse importado, seria uma obra sem grande projecção, mas sendo nacional dá-nos ao menos a oportunidade de uma aproximação ao filme médio que povoa as nossas salas.

Como vem sendo habitual nos últimos anos a fotografia – neste caso de José António Loureiro – é plenamente satisfatória. Quando ao som, embora sem prejuízo da boa compreensão dos diálogos, tem altos e baixos quando se altera aquele que fala.

Não temos, portanto, uma obra extraordinária, mas mantém-se a produção portuguesa dentro de parâmetros capazes de não inutilizar os esforços desenvolvidos nos anos mais recentes.

Francisco Perestrello

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