Igreja: «Seria maravilhoso” ver na de sede de Pedro um português, afirma Patriarca de Lisboa

D. Rui Valério afirma que últimos meses «foram verdadeiramente um calvário para o Papa Francisco» por causa das guerras em curso

Foto Manuel Almeida/Lusa

Lisboa, 21 abr 2025 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa afirmou hoje que deseja que o sucessor do Papa seja um “Evangelho vivo”, como era Francisco, e disse que “seria maravilhoso” ver na de sede de Pedro um português.

“Como cidadão português, se eu gostaria de ver na sede de Pedro um português, um lusitano, claro, isso seria maravilhoso”, afirmou D. Rui Valério esta noite, em declarações aos jornalistas.

O Patriarca de Lisboa presidiu hoje, na catedral diocesana, a uma missa evocativa do pontificado de Francisco, referindo que o próximo Papa deve ser “um Evangelho vivo”, sinal de um encontro com o “próprio Cristo”.

D. Rui Valério disse que a proximidade do Papa Francisco tem uma “relevância não só social ou só antropológica”, mas é sinal de uma “referência para uma outra proximidade maior, que é aquela de Deus com o mundo”.

Foi incansável a labuta do Papa Francisco para aproximar os povos uns dos outros, para aproximar as pessoas. Era por isso que ele sofria tanto”.

O patriarca de Lisboa referiu que os últimos meses “foram verdadeiramente um calvário para o Papa Francisco”, sobretudo porque viu tardar a “luz da paz” em vários pontos do globo, testemunhando o “despontar de tantos focos de conflito, de tantas guerras violentas”.

“Isso certamente que era contrário a tudo aquilo que ele sentia dentro do coração”, referiu.

D. Rui Valério que fala num “sentimento de orfandade” que está a ser vivido não só dentro da Igreja Católica, mas também por todo o mundo, particularmente por aquelas regiões onde “a guerra está ao rubro”.

“Não há dúvida que o mundo fica mais pobre porque um profeta incansável em busca da paz partiu, já não está fisicamente no meio de nós”, lembrou o patriarca de Lisboa.

D. Rui Valério espera que “as sementes de mensagem e de palavra e de gestos proféticos” do Papa Francisco possam dar frutos e o seu pontificado possa continuar.

Estou confiante que o pontificado do Papa Francisco não terminou esta manhã, às 7h35”.

Após a Missa que lembrou o pontificado do Papa, que foi celebrada esta noite, na Sé de Lisboa, D. Rui Valério lembrou que nunca ouviu “uma palavra de condenação” da humanidade, mas “de profundo apreço”.

“Um ser humano era para ele sempre uma vocação. Uma vocação para ajudar, uma vocação para acudir, uma vocação para socorrer. Isto brota exatamente deste princípio: ele tinha uma mensagem que interpelava e desafiava cada homem e cada mulher, independentemente da sua etnia e até da sua confissão religiosa, se é que a tinha ou não tinha”, defendeu o patriarca de Lisboa.

D. Rui Valério disse que o Papa olhava para o ser humano “com grande esperança”, certo que o “contém em si o manancial de potencialidades, mas infinitas, que o torna capaz de ser construtor de pontes e não de muros, de ser arauto de paz e de aproximação e não de guerra de violência”.

“Era sempre com apreço que o Papa Francisco falava da humanidade”, sublinhou o patriarca de Lisboa.

À entrada para Missa que evocou o pontificado que hoje terminou, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa lembrou a passagem do Papa por Lisboa, na Jornada Mundial da Juventude, e manifestou o desejo de “honrar” a memória de Francisco com uma proposta de alterar o nome do “Parque Tejo” para “Parque Papa Francisco”.

Em declarações aos jornalistas, D. Rui Valério disse que se congratula com a proposta do autarca Carlos Moedas, lembrando que há “uma ligação do Parque Tejo ao Papa Francisco”, um local que é uma “memória viva” das responsabilidades que todas as pessoas têm no cuidado da casa comum.

“O Papa Francisco falou de uma ecologia integral. E não há lugar mais indicado para assinalar essa integralidade da ecologia que o Parque Tejo”, afirmou.

O Papa faleceu hoje, na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli, devido a problemas respiratórios.

O anúncio foi feito pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda dor que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco.

Às 07h35 desta manhã, o Bispo de Roma Francisco regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”.

PR

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