25 de Abril: Papa Francisco «veio confirmar muito do trabalho» de movimentos operários católicos – José Maria Carneiro Costa (c/ vídeo)

Antigo coordenador nacional da LOC/MTC estende o olhar à Revolução dos Cravos e à Jornada Nacional do Diaconado Permanente

Lisboa, 25 abr 2025 (Ecclesia) – José Maria Carneiro Costa, diácono permanente, considera que o Papa Francisco é a concretização do trabalho que movimentos operários católicos, envolvidos no processo da conquista da liberdade em Portugal, realizaram ao longo do tempo.

“O Papa Francisco veio confirmar muito do trabalho que a Juventude Operária Católica (JOC) e a Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) realizaram e continuam a realizar ao longo destes 90 anos que estão prestes a celebrar. O Papa Francisco é a concretização disso mesmo”, afirmou, em declarações ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

O também assistente diocesano da Liga Operária Católica, na Arquidiocese de Braga, acredita que o Papa, que morreu esta segunda-feira, se estivesse em Portugal na Revolução dos Cravos, ter-se-ia alegrado muito com o 25 de Abril de 1974, defendendo que o pontificado de Francisco foi muito próximo das causas operárias de justiça nacional.

“Sobretudo a questão da dignidade humana, a questão dos três T’s, teto, terra e trabalho, para que as pessoas possam ter o mínimo para viver”, salientou o entrevistado, cujo percurso de vida foi marcado pela coordenação nacional da Liga Operária Católica e também da Juventude Operária Católica.

José Maria Carneiro Costa recorda Francisco como “uma pessoa de uma proximidade extrema”, com “carinho para com os imigrantes”, destacando que a primeira viagem do pontificado foi a Lampedusa (Itália), para “visitar o sítio onde desembarcavam mais imigrantes vindos de todo o mundo à procura de uma vida melhor”.

No âmbito do 51º aniversário do 25 de Abril, que hoje se assinala, o entrevistado relata que, por conta de um episódio, em que o pai o levou a uma campanha de Humberto Delgado, conhecido como o ‘General sem medo’, opositor ao Estado Novo, quando era pequeno, a palavra liberdade entrou no seu “íntimo e nunca mais de lá saiu”, lutando por ela desde aí.

José Maria Carneiro Costa lembra que aos 19 anos assumiu a presidência da Juventude Operária Católica, numa altura em que era exigido que o militante que assumisse esta responsabilidade deixasse o emprego e se dedicasse a tempo inteiro à evangelização dos jovens trabalhadores.

“Os meus pais não estavam de acordo, mas eu disse-lhe que eu tinha que ir porque eu comprometi-me”, recorda.

Após o 25 de Abril, o assistente diocesano da Liga Operária Católica, na Arquidiocese de Braga, conta que, dada a saída de muitas pessoas dos movimentos operários de ação católica, estes tiveram que se reconstituir e continuar a luta pela liberdade.

“A liberdade não era apenas derrubar o regime, era construí-la no sítio onde cada um estava, onde cada um trabalhava”, sublinha.

No dia da Jornada Nacional Diaconado Permanente, que se assinala hoje, José Maria Carneiro Costa lembra que ingressou neste ministério como resposta ao repto de D. José Ortiga, arcebispo emérito da Arquidiocese de Braga, no final de uma Assembleia Diocesana da LOC/MTC.

Antes de dizer sim, o entrevistado conta que, depois de ver respondidas as questões sobre o sacramento do matrimónio e da ordem, foi ordenado diácono permanente, em 2013.

PR/LJ

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