Jornalista católico deseja maior exercício da liberdade de expressão na imprensa
Lisboa, 25 abr 2016 (Ecclesia) – O jornalista Jorge Wemans, leigo católico que lutou contra ditadura, defende que a celebração do 25 de Abril deve lembrar que a liberdade é uma conquista de “todos os dias”.
“É preciso recordar esta possibilidade, todos os dias, porque a liberdade é algo que não nos é dado, é construído por todos: para que o futuro possa ser a página em branco que escrevemos, há que estar atentos, não vá alguém escrever coisas que não queremos”, disse à Agência ECCLESIA.
O ex-diretor da RTP2 sente que a liberdade passa hoje por defender e conseguir fazer, aquilo que se considera mais justo.
“A liberdade tem de ser construída e vivida pessoal e socialmente; hoje, a quantidade de expressões, encontros, iniciativas, criatividade e criação na sociedade portuguesa é transbordante”, sustentou.
“Apesar de passarmos um mau momento, o sabor da liberdade e o ato de construir em comum o que se quiser é possível”, acrescentou.
Jorge Wemans coloca lado a lado liberdade e democracia, como um “projeto de inclusão de todos, que estará sempre inacabado”.
O antigo membro do movimento associativo estudantil recorda que “valeu a pena” ter corrido riscos pela liberdade que correu pela liberdade – luta que o fez passar duas semanas de janeiro de 1973 detido, em isolamento, em Caxias.
Já quanto à liberdade de expressão, uma conquista do 25 de Abril, Jorge Wemans considera que está “pouco acarinhada pelos portugueses”.
“Ora porque há erros demais na imprensa e esta não se sabe retratar; ora os portugueses têm da liberdade de expressão um entendimento instrumental e não a consideram como um pilar da democracia”, precisa.
O jornalista considera que “uma sociedade democrática pode bem com os erros, os problemas e as dificuldades que uma liberdade imprensa cria”, mesmo com os abusos que lhe são próprios.
“Sinto que em Portugal há poucos meios, pouca coragem e pouca qualidade no exercício desta liberdade de expressão, o público merecia mais do que aquilo que tem”, conclui.
SN/OC