25 de abril: Igreja quer recuperar geração que esqueceu intervenção cívica

Grupo de trabalho lamenta afastamento entre sociedade e política

Lisboa, 25 abr 2011 (Ecclesia) – A Igreja Católica em Portugal quer mobilizar uma geração que esqueceu a intervenção cívica, procurando contrariar o afastamento crescente entre política e a sociedade.

“A nossa geração, durante tantos anos, esteve fora da intervenção cívica”, admite Joana Carneiro, em declarações ao Programa Ecclesia (RTP2, às 18h00), a transmitir esta segunda-feira.

A maestrina estava acompanhada pelo advogado Duarte Brito de Goes, ambos membros do Grupo de Reflexão Sociedade e Política do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura(SNPC), da Igreja Católica, que hoje apresentou a sua primeira tomada de posição pública.

“Mais do que o voto, a participação ativa no processo eleitoral que se aproxima[legislativas de 5 de junho] torna-se uma contribuição necessária e inestimável para o País”, sublinha o documento daquela equipa, publicado no dia em que passam 37 anos sobre o 25 de abril de 1974, data que marcou a transição de Portugal para o regime democrático.

Joana Carneiro sublinha a necessidade de perceber “porque é que os jovens, as pessoas em geral, não votam”, lamentando o desaparecimento da “urgência de intervir”, de criar “algo em comum”.

Duarte Goes destaca, por seu lado, o “desencanto com a política” e o facto de haver, cada vez mais, “dois mundos muito desligados”, que leva as pessoas a não quererem um envolvimento na ação política e partidária.

Ambos falam no “princípio de uma reflexão”, por parte do referido grupo do SNPC,  constituído por cerca de 20 pessoas pertencentes à geração abaixo dos 40 anos – e, portanto, pós-25 de abril –, que pretende fazer eco de «princípios cristãos», embora integre pessoas de diferentes religiões e áreas profissionais sem qualquer atividade política.

Duarte Brito de Goes fala num momento “essencial” para a sociedade e o país, que exige que as pessoas “façam tudo o que esteja ao seu alcance, no âmbito das suas competências”, para “intervir na sociedade, intervir na política”.

“Temos de interessar-nos também pelo bem comum, pela coisa pública”, adianta, questionando o desligamento da sua geração de qualquer “intervenção pública”.

O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, dirigido pelo padre José Tolentino Mendonça, está integrado na Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, presidida pelo bispo do Porto, D. Manuel Clemente.

Também hoje, o Fórum Abel Varzim (FAV) assinala a “designada «Revolução dos Cravos»”: “O fim da ditadura, dos presos políticos, da polícia política, da guerra colonial, e a afirmação de objetivos generosos em prol de todo o povo, são aspetos, entre muitos outros, que devem ser recordados”.

A página oficial do FAV apresenta 3 comunicados emitidos por trabalhadores do Banco Nacional Ultramarino [clicar para aceder] datados de 1975, em que se defendia a criação do Comité de Defesa da Revolução – CDR.

PTE/RM/PR/OC

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Agência ECCLESIA

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