25 de Abril: Bispo da Guarda saúda percurso democrático e aponta a novos desafios, das migrações à defesa da vida

D. Manuel Felício, reconhece «tudo quanto se conseguiu de positivo», desde 1974

Foto: Diocese da Guarda

Guarda, 24 abr 2024 (Ecclesia) – O bispo da Guarda publicou uma nota sobre o 25 de Abril, reconhecendo o que se conseguiu de “positivo” desde 1974 e identificando “novos desafios”, das migrações ao respeito pela vida

“Temos, agora, pela frente novos desafios, isso é verdade. E são eles, entre outros, o acolhimento dos imigrantes que nos procuram e dos quais nós precisamos, como, em outros tempos, a Europa precisou dos nossos; a dignificação do quadro legal e de iniciativas de apoio às famílias”, explica D. Manuel Felício, na nota enviada à Agência ECCLESIA.

“Assim como que se cuidem bem os mundos do trabalho, da educação e da saúde. Enfim, que se leve a sério o respeito pela vida, desde o princípio até ao seu fim natural”, acrescenta o responsável diocesano, que reconhece “tudo quanto se conseguiu de positivo” ao longo destes 50 anos, da liberdade política e o fim da guerra em África “até à abertura de Portugal à Europa e a Mundo”.

Para D. Manuel Felício, neste momento comemorativo do 25 de Abril, “é bom” lembrar o contributo que os católicos são chamados a dar “para o bem de toda a sociedade”; a partir dos quatro princípios elementares da Doutrina Social da Igreja: a dignidade da pessoa humana, o bem comum, a subsidiariedade e a solidariedade.

O bispo da Guarda assinala que, no pós-25 de abril de 1974, a Igreja Católica, no seu serviço à sociedade, “foi basicamente respeitada, de acordo com a Concordata de 1940”, e os novos condicionamentos “exigiram regulamentações novas”.

Em 2004, acrescenta o bispo vogal da Comissão Episcopal Educação Cristã e Doutrina da Fé, uma nova Concordata foi assinada entre o Estado Português e a Santa Sé, “cuja regulamentação está longe de ter chegado ao fim”.

‘No 25 de abril, onde estava a Igreja?’ é o tema da nota do bispo da Guarda, que começa por referir que é lugar-comum dizer-se que a Igreja Católica, “antes do 25 de Abril, era o braço direito do governo”, mas, “este lugar-comum precisa, pelo menos, de ser matizado” para dar lugar à “verdade histórica”.

“A relação da Igreja com o Estado antes de abril de 1974 foi bastante diferenciada nos tempos, nos lugares e nas pessoas. Houve, dentro dela, iniciativas que prepararam a chegada da liberdade e da democracia ao nosso país, assim como houve compromisso de muitos católicos na implementação das ideias de abril, com os necessários ajustamentos que as circunstâncias foram impondo”, desenvolveu D. Manuel Felício.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) aprovou uma Nota Pastoral pela comemoração dos 50 anos do “25 de Abril”, onde reconhecem “tudo quanto se conseguiu de positivo no Portugal democrático”, alertam para intenções que “continuam a reclamar nos dias de hoje”, e destaca duas cartas pastorais do Episcopado Português, que o bispo da Guarda também lembra, uma de 4 de maio de 1973 e a outra publicada em julho de 1974

Na sua nota, D. Manuel Felício destaca também o novo livro ‘25 de Abril: permanências, ruturas e recomposições’, com coordenação científica do CEHR e edição da Agência ECCLESIA, no qual se sublinha que “a hierarquia católica em Portugal, à semelhança de outras transições políticas que se deram no século XX, manteve-se atenta e expectante, procurando não hostilizar os novos poderes”.

CB/OC

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