25 de Abril: 40.º aniversário da «revolução dos cravos» deve ser uma ocasião para Portugal refletir sobre o seu rumo

Diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica recorda uma conquista que «ainda está em construção»

Lisboa, 25 abril 2014 (Ecclesia) – O diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica defende que 40.º aniversário do 25 de Abril deve ser uma ocasião para Portugal refletir sobre o seu rumo e buscar forças para enfrentar os desafios atuais.

“Que a comemoração sirva para lembrar que, da mesma maneira que as coisas se conquistam, se não forem cuidadas perdem-se, portanto que haja pelo menos um sobressalto cívico que nos faça lembrar aquele entusiasmo, aquela genuinidade, energia, que se sentia em Portugal em 1974 e que essa energia possa conduzir-nos nas dificuldades que sentimos hoje”, frisa o professor José Miguel Sardica.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o historiador e docente universitário recorda a “revolução dos cravos” como uma “explosão maciça de liberdade” que veio acabar com “um regime sem salvação possível e mergulhado num verdadeiro beco sem saído político, social, económico”.

Uma data central, “quer para a geração mais velha, aqueles que eram jovens adultos e que perceberam que a vida deles mudou nessa altura, quer para os filhos que, não tendo a memória desse acontecimento, hoje ouvem falar dele”, sublinha José Miguel Sardica.

Um estudo recente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa permitiu verificar que cerca de 59 por cento dos portugueses consideram o 25 de abril de 1974 “a mais importante de toda a história” da nação portuguesa.

Para o diretor da Faculdade de Ciências Humanas da UCP, é preciso potenciar as transformações que surgiram a partir daquele acontecimento “para os dias de hoje” e perceber que “aquilo que se começou a construir há 40 anos ainda não é um dado final, ainda está em construção”.

Mais do que falar em diferenças, apontando por exemplo que a “descolonização, democratização e desenvolvimento” foi substituída quatro décadas depois pelo “défice, desemprego e dívida”, o essencial é analisar o caminho percorrido, ver o que é que “falhou”.

Até porque “as dificuldades atuais são comparáveis” – em 1974 “o país estava a sair de um ciclo imperial e a entrar numa incógnita, mais tarde veio a ser a Europa, ganhou um rumo, mas a incerteza era muita, como é hoje”, sustenta o investigador.

José Miguel Sardica integra um grupo de colaboradores da ECCLESIA que semanalmente comenta a atualidade informativa cuja análise completa pode encontrar no canal 524995 da plataforma MEO.

LS/JCP

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