25 Abril/50 anos: A festa da liberdade tem de ser “regada” e “alimentada todos os dias”, afirma Deolinda Machado

A democracia é um valor em “construção contínua” e deve ser transmitida às gerações “mais jovens”

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

Lisboa, 26 abr 2024 (Ecclesia) – Deolinda Machado, membro da Liga Operária Católica (LOC), considera que os valores adquiridos com o 25 de abril de 1974 têm de ser “regados e alimentados” todos os dias para que as “pessoas se sintam felizes”.

“A festa da liberdade e da democracia não se faria hoje se os militares de Abril, o Movimento das Forças Armadas (MFA) e o povo se juntassem nesta democracia que realmente ficou aberta ao povo português, disponível para continuarmos a aprofundá-la e a construí-la todos os dias”, disse Deolinda Machado na celebração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.

Para esta responsável daquele movimento da Ação Católica Portuguesa é fundamental alimentar e regar a democracia porque “todos temos o direito a ser felizes na habitação, na saúde, na educação, no trabalho”.

Se há 50 anos o analfabetismo “era enorme”, com a «revolução dos cravos» foi possível ultrapassar este estado mas “não podemos é deixar que estes jovens, tão bem preparados, tenham de continuar a sair”, sublinhou.

“Eles têm de ter futuro no seu próprio país e isso é continuar a reforçar a democracia. Eles têm de ter direito a serem construtores também deste país, na medida em que a educação, o desenvolvimento, a ciência se aplica a toda a sociedade portuguesa”, reforçou.

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

Se o 25 de Abril de 1974 foi uma data importante na história portuguesa, o 1º de Maio desse ano “foi a libertação total” e as pessoas “saíram à rua em massa, em grande massa”, realçou a militante da LOC.

“Nunca houve, de facto, um 1º de Maio tão grande, tão forte, tão participado e a dizer que é possível, os três oitos: oito horas para trabalhar, oito horas para descansar, oito horas para o lazer”.

Passados 50 anos, é necessário recordar aqueles antecederam estas datas e lutaram pela liberdade e pela democracia.

Eles lutaram para que “esta realidade seja um bocadinho mais justa, mas precisamos de mais, porque as desigualdades não podem continuar a grassar, porque a riqueza que se produz tem que ser distribuída por todos, e os salários, as pensões que as pessoas recebem têm de ser capazes de suportar as despesas de uma família”, acrescenta.

“Não é aceitável que um trabalhador “, com o horário de trabalho, com o emprego e com o salário, “não ganhe o suficiente para poder fazer face às despesas, às dificuldades da sua família, dos seus filhos, de toda a família”, alertou Deolinda Machado

Ao olhar para a sociedade portuguesa, a militante da LOC considera que é também fundamental “uma atenção especial” aos idosos

“É preciso qualidade de vida nos lares da assistência, em casa das famílias, para que as pessoas se sintam vivas toda a sua vida”, afirmou.

Os muitos milhares de pessoas que percorreram, esta quinta-feira, a Avenida da Liberdade, em Lisboa, mostravam um misto de alegria e contestação.

“Isso aconteceu porque os valores do 25 de abril estão em construção contínua” e convém “recordar a heroicidade dos atos, muitos deles foram presos, que lutaram por estes valores”.

Para que este processo seja cada “mais dinâmico e construtivo”, Deolinda Machado considera que os valores de abril devem ser transmitidos “às novas gerações”.

“Todos temos que continuar a completar este 25 de abril, a completar esta Constituição da República Portuguesa, e unidos a outros países que também lutam pela liberdade e pela democracia, manter na nossa Europa, no mundo inteiro, a paz”, apelou.

A paz é um valor primordial para os povos, por isso “temos que continuar juntos a lutar por ela”.

LFS

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Agência ECCLESIA

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