Consistório deste fim-de-semana, no Vaticano, é uma cerimónia cheia de simbolismos e de rituais próprios O Vaticano veste-se de gala, este fim-de-semana, para o segundo consistório público ordinário do pontificado, no qual serão criados 23 novos Cardeais. As cerimónias, na Basílica de São Pedro, seguem o rito introduzido por João Paulo II a 28 de Junho de 1991. A celebração de Sábado iniciou-se às 09h30 (hora de Lisboa). Após um breve momento de oração, o Papa leu a fórmula de criação e proclama solenemente os nomes dos 23 Cardeais. Em seguida, o Cardeal Leonardo Sandri, primeiro do elenco, pronunciou um discurso de homenagem a Bento XVI, em nome de todos. Depois da proclamação das leituras e da homilia papal, teve lugar a profissão de fé e o juramento dos novos Cardeais, de fidelidade e obediência ao Papa e aos seus sucessores. Cada um deles aproxima-se do Papa e ajoelha-se, então, para receber o barrete cardinalício, que Bento XVI impõe pronunciando a fórmula “vermelho como sinal da dignidade do cardinalato, significando que deveis estar prontos a comportar-vos com fortaleza, até à efusão do sangue, pelo aumento da fé cristã, pela paz e a tranquilidade do povo de Deus e pela liberdade e a difusão da Santa Igreja Romana”. Nesta altura, o Papa atribui a cada Cardeal uma igreja de Roma (título ou diaconia), simbolizando a participação na solicitude pastoral do Papa na cidade, e a bula de criação cardinalícia. Um abraço de paz sela este momento. O rito conclui-se com a recitação do Pai-Nosso e a bênção final. Devido ao mau tempo, a cerimónia decorre dentro da Basílica, mas quatro ecrãs gigantes foram colocados na Praça de São Pedro para permitir que os milhares de fiéis esperados no Vaticano possam acompanhar a celebração. Novos Cardeais Este consistório foi anunciado por Bento XVI a 17 de Outubro. São criados 23 novos Cardeais, 18 dos quais com direito a voto. Paulo VI fixara como número máximo de Cardeais eleitores o número de 120, prática que foi mantida por João Paulo II e Bento XVI. Devido ao recente falecimento do Cardeal Stephen Fumio Hamao, aos 77 anos, o Papa não ultrapassará – ao contrário do que o próprio tinha então referido – o limite estabelecido por Paulo VI e respeitado desde então, dado que os 18 novos Cardeais eleitores se irão somar a outros 102, totalizando 120 Cardeais num eventual conclave (a título de curiosidade, refira-se que 39 destes Cardeais têm mais de 75 anos, idade em que os Bispos diocesanos têm de pedir renúncia ao cargo, segundo o Direito Canónico) Ao longo de 2007, foram oito os Cardeais a atingir os 80 anos de idade, o último dos quais o Decano do Colégio Cardinalício e antigo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano, no dia de 23 de Novembro. Prestigiadas sedes episcopais como São Paulo, Paris, Bombaim ou Barcelona e titulares de cargos de destaque na Cúria Romana dominam as escolhas de Bento XVI para este fim-de-semana. Dos cinco Cardeais não-eleitores, destaque para o Patriarca de Babilónia dos Caldeus, o Arcebispo Iraquiano Emmanuel Delly, de 80 anos. O Papa decidiu distinguir três prelados e dois eclesiásticos pelo seu empenho “particularmente meritório” ao serviço da Igreja. Apesar da vincada concentração de novos Cardeais na Europa e na Cúria Romana, o Papa fez questão de sublinhar a “universalidade da Igreja” e a “multiplicidade de ministérios” presente nas suas escolhas. O mais jovem dos novos Cardeais é o Arcebispo de São Paulo, D. Odilio Pedro Scherer, nascido a 21 de Setembro de 1949 (passa a ser o terceiro Cardeal mais jovem e um dos 38 Cardeais com menos de 70 anos de idade, 18 dos quais criados por Bento XVI). O mais velho dos Cardeais hoje criados com direito a voto num conclave é o Arcebispo de Valência, D. Garcia-Gasco Vicente, de 76 anos. No novo colégio cardinalício, a Europa conta com 60 Cardeais eleitores, seguida pela América Latina (21), América do Norte (16), Ásia (12), África (9) e Oceania (2). Os países com mais Cardeais eleitores continuam a ser a Itália (21), os EUA (13), Espanha, Alemanha e França (6 cada um), totalizando quase metade de todos os votantes. Novos Cardeais Eleitores: Cúria Romana D. Leonardo Sandri (Argentina), prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais. D. John Patrick Foley (EUA), Pró-Grão-Mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém. D. Giovanni Lajolo (Itália), presidente da Comissão Pontifícia e do Governatorado do Estado da Cidade do Vaticano. D. Paul Josef Cordes (Alemanha), presidente do Conselho Pontifício Cor Unum. D. Angelo Comastri (Itália), arcipreste da Basílica de São Pedro, vigário-geral do Papa para o Estado da Cidade do Vaticano e presidente da Fábrica de São Pedro. D. Stanislaw Rylko (Polónia), presidente do Conselho Pontifício para os Leigos. D. Raffaele Farina (Itália), Arquivista bibliotecário da Santa Igreja Romana. Dioceses D. Agustín García-Gasco y Vicente, Arcebispo de Valência (Espanha). D. Seán B. Brady, Arcebispo de Armagh (Irlanda). D. Lluís Martínez Sistach, Arcebispo de Barcelona (Espanha). D. André Vingt-Trois, Arcebispo de Paris (França). D. Angelo Bagnasco, Arcebispo de Génova (Itália). D. Théodore-Adrien Sarr, Arcebispo de Dakar (Senegal). D. Oswald Gracias, Arcebispo de Bombaim (Índia). D. Francisco Robles Ortega, Arcebispo de Monterrey (México). D. Daniel Nicholas DiNardo, Arcebispo de Galveston-Houston (EUA). D. Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo (Brasil). D. John Njue, Arcebispo de Nairobi (Quénia). Não eleitores: Emmanuel III Delly, Patriarca de Babilónia dos Caldeus (Iraque). D. Giovanni Coppa, Núncio Apostólico. D. Estanislao Esteban Karlic, Arcebispo emérito de Paraná (Argentina). Pe. Urbano Navarrete, S.I., antigo Reitor da Universidade Pontifícia Gregoriana Pe. Umberto Betti, O.F.M., antigo Reitor da Universidade Pontifícia Lateranense. Neste grupo deveria contar-se ainda o Bispo emérito de Koszalin-Kolobrzeg (Polónia), D. Ignacy Jez, que faleceu um dia antes do anúncio do Papa.