2025: Prior de Taizé incentiva a «esperar para além de toda a esperança»

Irmão Matthew após ouvir os jovens perguntou-se como «encontram força para continuar», especialmente em zonas de guerra

Foto: Taizé/Jakub Gil; 47.º Encontro Europeu de Jovens em Talin

Taizé, França, 29 dez 2024 (Ecclesia) – O prior dsa comunidade ecuménica de Taizé (França) convidou os jovens a “esperar para além de toda a esperança”, após ouvi-los na comunidade e em outros lugares e refletir sobre a sua “resiliência e a perseverança em situações aparentemente impossíveis”.

“Ao ouvi-los, tornou-se claro para mim que a confiança em Deus permite às pessoas de fé alimentar uma esperança. E, através da Ressurreição de Jesus, cresce a certeza de que a morte não terá a última palavra”, explica o irmão Matthew, na sua carta para 2025, publicada online.

O prior da comunidade monástica contextualiza que ouviu jovens em Taizé e outros lugares – Myanmar, Nicarágua, Ucrânia, Belém, Líbano -, alguns a enfrentar “duras realidades” no dia a dia, e pergunta-se como “encontram força para continuar”, “de onde vêm a resiliência e a perseverança em situações aparentemente impossíveis”, uma questão que se torna ainda mais premente “quando vivem em zonas de guerra”.

“A confiança na Ressurreição dá a esperança de que as dificuldades da nossa vida não são o ponto final. Somos chamados a algo mais. Foi esta esperança que os jovens quiseram partilhar comigo, uma esperança para além de toda a esperança, porque aposta no emergir de uma vida nova quando tudo parece perdido”, desenvolveu.

Segundo o irmão Matthew, mesmo quando Deus parece silencioso, “pode abrir-se subitamente um caminho”, e pede que se faça “tudo, mesmo que pareça pouco”, para exprimir sinais de solidariedade com as pessoas “em sofrimento”, na realidade de cada, ou com os que se encontram em guerra “ou forçados a abandonar o seu país”.

Para manter a esperança, precisamos uns dos outros. A esperança floresce quando estamos atentos às necessidades dos outros. Podemos ver pessoas que, mesmo no meio da maior adversidade, escolhem viver, sorrir e oferecer as pequenas coisas que são possíveis a cada dia.”

Na carta 2025, o prior da comunidade ecuménica de Taizé dividiu a sua reflexão em seis pontos: ‘A coragem de esperar; Ouvir pessoas de esperança; Esforçarmo-nos por ter esperança; Permanecermos pessoas de esperança; A esperança da Páscoa; Peregrinos de esperança, peregrinos de paz”.

Em ‘a coragem de esperar’, o responsável pela comunidade ecuménica explica que o espaço de estar retido entre o que já foi dado e o que ainda está por vir “nem sempre é muito confortável”, mas “a esperança exige paciência”:

Neste contexto, lembra que “Abraão, o antepassado de muitos crentes, agarrou-se à promessa de Deus para além de qualquer esperança razoável”, enquanto o profeta Jeremias “fez um investimento no futuro”, ao comprar um campo, quando estava na prisão, o seu país “devastado pela guerra”, e os habitantes ameaçados pelo exílio.

“Um gesto de esperança tão surpreendente torna a fé mais real. Trata-se de uma confiança firme no que ainda é invisível e até incerto. Será que conseguimos permanecer numa esperança destas? Hoje, iniciativas incríveis de esperança estão a surgir em muitos países, onde a guerra está a fazer estragos”, acrescentou.

Segundo o irmão Matthew, para compreender melhor o que significa a esperança é preciso “ouvir as pessoas que vivem no meio da aflição e da violência”, e incentiva a abrir “os ouvidos para escutar o que elas têm a dizer”, nomeadamente as testemunhas de esperança que cada um pode descobrir e ouvir na sua própria situação, partilhando exemplos da sua passagem pela Ucrânia ou uma mulher palestiniana em França, com a família em Gaza, que visitou Taizé no verão.

Ao refletir sobre a ‘esperança da Páscoa’, na Carta 2025, o monge inglês começa por perguntou ao leitor onde está neste momento e se consegue ver um caminho de esperança, salientando que “a esperança não se baseia na análise da situação, mas numa chama muitas vezes vacilante de confiança”.

“A fé na Ressurreição de Jesus exige muita coragem e ousadia. Isso significa esforçarmo‐nos para não ficarmos paralisados pela presença da morte e da destruição que nos cercam hoje. A partir de situações que parecem sem esperança, Deus pode criar algo novo”, conclui.

CB/OC

Foto: Taizé/Jakub Gil; 47.º Encontro Europeu de Jovens em Talin

A Comunidade monástica ecuménica de Taizé (França) está a realizar o seu Encontro Europeu de Jovens, a 47.ª edição, em Talin, a capital da Estónia, desde este sábado, dia 28, até 1 de janeiro de 2025.

O Papa Francisco, na sua mensagem ao encontro europeu de jovens de Taizé, afirma que unirem-se num espírito de partilha e de fraternidade “é ainda mais importante hoje, quando o mundo atravessa sérios desafios”.

“Muitos países estão marcados pela violência e pela guerra, muitas pessoas são vítimas de tratamentos desumanos e outros ainda estão desorientados pelas desigualdades nas nossas sociedades e pelos perigos ecológicos”, identifica Francisco.

Na carta ao encontro de jovens em Talin, assinada pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, o Papa explica aos jovens que conta com eles e “reafirma a confiança que a Igreja deposita” neles.

“A Igreja universal precisa de todos vós para anunciar hoje a boa nova do amor de Deus. Este é também o significado da abordagem sinodal iniciada pela Igreja Católica e que deu origem a grandes progressos na amizade ecuménica com os nossos irmãos e irmãs de diferentes confissões cristãs”, acrescentou na mensagem divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.

Ecumenismo: Comunidade de Taizé realiza Encontro de Jovens na capital da Estónia

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Agência ECCLESIA

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