«Não permitamos que o comodismo nos domine; estejamos alerta e disponíveis para participar na edificação de uma sociedade democrática», pediu D. José Traquina
Santarém, 03 jan 2024 (Ecclesia) – O bispo de Santarém presidiu esta segunda-feira à missa na Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, na Sé de Santarém, e afirmou que apesar de ser “espontâneo iniciar o novo ano com algumas expectativas e esperanças em relação ao futuro próximo”, “desta vez é mais difícil ser otimista”.
“Os votos de ‘próspero Ano novo’ podem ser sinceros, mas há dúvidas e falta de conhecimento que não permitem uma antevisão do que se segue”, defendeu D. José Traquina, na homilia enviada à Agência ECCLESIA, deixando ainda várias questões.
Quando surgirá uma solução sensata para os países em guerra encontrarem a paz? Haverá estabilidade política em Portugal com o resultado das próximas eleições legislativas? Que esperança podem ter o ainda elevado número de pessoas pobres e em risco de pobreza em Portugal? Podem os portugueses contar com o bom funcionamento do Serviço Nacional de Saúde? Haverá vontade em assegurar estabilidade às Instituições de solidariedade social, de saúde e de educação? E a Inteligência artificial, será um bem para a sociedade?”
Sobre o envolvimento da população no futuro do país e perspetivando o dia em que esta será chamada às urnas, D. José Traquina considera que “não votar nas eleições é falta grave, é sinónimo de indiferença e contribui para a degradação da democracia”.
“Não permitamos que o comodismo nos domine; estejamos alerta e disponíveis para participar na edificação de uma sociedade democrática, onde se requer que cada pessoa seja respeitada, nos seus direitos e deveres”, referiu, acrescentando que “ser cristão assumido é também ser responsável na orientação do país”.
“Não podemos concordar com a abstenção. Daí o apelo à participação em todas as eleições para cargos políticos, com escolha atenta às propostas apresentadas”, pediu o bispo diocesano.
D. José Traquina aludiu ainda ao Evangelho sobre a contemplação no presépio da vinda de Deus ao mundo numa criança, “um Menino nascido em contexto de uma família pobre, uma pessoa humana”.
“Não há nada de mais sagrado e valioso no mundo do que a pessoa humana. Tudo o que há no planeta Terra existe em função do bem e felicidade da pessoa humana, de todas as pessoas”, destacou.
“Se o mundo é de todos, incomoda saber que centenas de milhões de pessoas no mundo não têm água potável para beber e só comem uma vez por dia?”, questionou o bispo de Santarém, que salientou: “o Menino do presépio nasceu para todos e por causa de todos, ensinou-nos a viver como filhos de Deus, cuidando uns dos outros e a tornar presente no mundo a sua Luz e a sua Paz”.
No mesmo dia, primeiro dia do ano, celebrou-se o Dia Mundial da Paz, levando também D. José Traquina a lembrar a mensagem do Papa Francisco para esta data.
LJ/OC