Ucrânia, Síria e Líbano foram os países a quem a instituição forneceu mais ajuda, revelou relatório anual de atividades
Lisboa, 20 jun 2024 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) anunciou hoje que recebeu um total de 143,7 milhões de euros em donativos, em 2023, mantendo o nível de receitas dos anos anteriores, que permitiram ajudar cristãos de 138 países.
As contas, apresentadas a nível internacional, revelam que a Ucrânia foi, pela segunda vez consecutiva, o país que a fundação pontifícia mais ajudou, com 7,5 milhões de euros, seguindo-se a Síria, com 7,4 milhões de euros, e em terceiro lugar o Líbano, que obteve 6,9 milhões de apoio financeiro.
A AIS justifica os números com o facto de na Ucrânia, a Igreja Católica continuar “empenhada em curar as feridas espirituais dos traumatizados pela guerra” e a “acompanhar os que sofrem devido ao conflito em curso”, e de nos outros dois países, a população cristã ainda estar “a lidar com o efeitos de numa crise económica devastadora e, no caso da Síria, de uma guerra civil de longa duração e do terrível terramoto de 2023”.
A nível regional, África registou o maior apoio fornecido, com quase um terço dos recursos, isto é, uma percentagem de 31,4% destinou-se a projetos no continentes, cujos principais países beneficiários foram a República Democrática do Congo, a Nigéria e o Burquina Fasso.
“África acolhe aproximadamente um em cada cinco católicos, um em cada oito sacerdotes, uma em cada sete religiosas e quase um terço dos seminaristas do mundo. Para além disso, a propagação do terrorismo e do extremismo islâmico em alguns países, especialmente na região do Sahel, são causa de grande sofrimento e dor para os cristãos deste continente”, explicou a presidente executiva da AIS Internacional, Regina Lynch.
Com 19,1% dos apoios, o Médio Oriente foi a região que recebeu a segunda maior ajuda, com 61% dos fundos a serem enviados para a Síria a destinarem-se a ajuda de emergência, incluindo alimentação e alojamento, assistência médica e apoio microcrédito para empresas.
Já no Líbano, a ajuda de emergência representou 47% da ajuda total do país, informa a AIS, que refere que “foi utilizada principalmente para manter o funcionamento das escolas cristãs, mas também foi alocado um montante considerável à alimentação, ao alojamento e aos cuidados médicos”.
Os outros 17,3% dos fundos da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre em 2023 tiveram como destino a Ásia-Oceânia, em especial a Índia, um país onde a instituição concede o maior número de bolsas de estudo a sacerdotes e religiosos.
A Europa e a América Latina receberam 15,4% e 15,3% do total da ajuda, respetivamente, sendo que os restantes 1,5% foram enviados a outras regiões.
O valor total angariado de 143, 7 milhões de euros em 2023, juntamente com os oito milhões de euros de reservas do ano anterior, tornaram possível à fundação financiar atividades no valor de 144,5 milhões de euros.
A FAIS assinala que a “generosidade de quase 360 mil benfeitores nos 23 países” – um dos quais Portugal – onde a organização tem secretariados nacionais, continua a “permitir que a instituição funcione sem qualquer apoio financeiro de governos ou organismos eclesiais”.
“Mais uma vez, este ano, estes números refletem um verdadeiro milagre. De uma perspetiva puramente humana, não nos podemos comprometer a ajudar sem primeiro ter fundos assegurados, mas, como acreditamos na Divina Providência, temos vindo a fazê-lo desde 1947. Por isso, este relatório anual de atividades é, acima de tudo, uma oportunidade para dar graças a Deus”, afirmou Regina Lynch.
A AIS informa que “um total de 81,3% destes fundos destinou-se diretamente a despesas relacionadas com a missão” e que “do montante, 85,9% destinou-se a projetos de ajuda em 138 países, o que permitiu à Fundação aprovar 5.573 projetos de entre os 7.689 pedidos recebidos de todo o mundo”.
Em Portugal, foram angariados mais de 3 milhões de euros, montante destacado pela diretora do secretariado nacional da AIS, Catarina Martins Bettencourt.
“Uma vez mais, os benfeitores da Fundação AIS em Portugal demonstraram uma enorme generosidade permitindo, com os seus donativos, aliviar o sofrimento de milhares de cristãos em todo o mundo”, manifestou a responsável, que assinala que “nunca é demais sublinhar e agradecer esta disponibilidade total de servir a Igreja onde os cristãos mais sofrem, onde são perseguidos e ondem passam por mais dificuldades”. “Muitos dos nossos benfeitores são pessoas humildes, eles próprios vivem com dificuldades, mas, mesmo assim, nunca deixaram de alimentar esta cadeia de solidariedade que dá pelo nome de Ajuda à Igreja que Sofre e que todos os dias procura secar as lágrimas de Deus na terra”, destacou Catarina Martins Bettencourt. A diretora do secretariado nacional da AIS salienta que “graças a eles e graças a todos os benfeitores da Fundação AIS em todo o mundo, tem sido possível responder aos gritos de ajuda, por vezes silenciosos, das comunidades cristãs nas zonas do globo onde a fé é posta à prova por vezes de forma absolutamente dramática”. “Com a graça de Deus e com o amor e a generosidade dos nossos queridos benfeitores e amigos iremos continuar com a nossa missão de ajuda à Igreja em necessidade em todo o mundo”, concluiu. |
LJ/OC