2020: Crónica ao acordar no fim de um ano

Sentado naquele areal extenso, observei as ondas do oceano que batiam com o seu ritmo característico. Vivem desta forma… Parecem fortalezas indestrutíveis, mas o seu castelo transforma-se em espuma. Diariamente, a ondulação marítima morre no areal. Aquele movimento descontínuo ajuda a perceber impotência do ser humano.

Em 2020, as ondas não se comportaram de forma diferente. Os nossos olhares é que estavam mais sensíveis devido a um vírus desconhecido. Os sentidos ficaram mais despertos e absorviam as informações que a espuma marítima deixou nos seixos polidos daquele imenso areal.

Parei uns segundos… Visualizei uma vaga enorme. Fiquei estupefacto porque parecia um monstro. Aquela onda diferente nos primórdios do ano trazia novidades catastróficas. Anunciava que a tempestade tinha chegado a Portugal.

CEP

 

A Igreja em Portugal não ficou estática e a Conferência Episcopal Portuguesa anunciou medidas para combater os ventos nefastos que traziam rastos de morte. As dioceses portuguesas foram incansáveis e reformularam a sua forma de fazer pastoral para cumprir as normas emanadas da Direção Geral de Saúde (DGS).

 

 

Abri os olhos e visualizei um horizonte longínquo sem as ondas e as batidas ritmadas do mar revolto. Um dos oceanos da espiritualidade portuguesa e mundial estava calmo… A ondulação que tocava os corações todos os anos, nos meses de maio a outubro, estava calma. Os tempos exigiam prudência porque os ventos sopravam de todas as direções. Todo o cuidado era pouco…

 

 

O meu pensamento avançou alguns meses e voltei, novamente, àquele santuário, senti que a ondulação ainda aconselhava as embarcações a ficarem em terra e com o devido distanciamento. Brincar com o mar é perigoso.

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De repente, tive um sonho que me transportou para séculos anteriores. Vi caravelas e naus no horizonte. Portugal sempre foi um país virado para o mar… As proas e as popas da navegação baloiçavam ao ritmo da obra do Criador. Às vezes, talvez fosse do meu olhar, parecia que as caravelas acenavam com algo. Pensei… Anunciam novidades? O mar constrói autênticas obras de arte. As junções daqueles movimentos ondulantes mostravam rendilhados que desapareciam com o vento. Estava com os olhos fechados e visualizei a simbólica marítima. A nossa história é uma epopeia que tem o oceano como irmão. A pedra trabalhada do Mosteiro dos Jerónimos é um espelho desse caminho construído com sangue, suor e lágrimas. Quando coloquei o búzio junto ao ouvido senti palavras animadoras. Um discurso virado para o futuro, no Dia de Portugal e dos Portugueses.

Às vezes, as nuvens escondiam a luminosidade do Sol. Não deixavam passar os raios solares. Mesmo assim, os jovens não desperdiçavam as ondas. Com perícia e mestria, subiam e desciam as vagas marítimas com as suas pranchas. Se lhes derem oportunidades, eles são protagonistas. Agarram o sonho e transformam-no em realidade. Ainda falta algum tempo para a grande vaga juvenil (https://www.lisboa2023.org/pt) mas eles não desistem… Abrem caminhos rumo a Lisboa 2023.

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O mar… Esse mar… Uma autoestrada que une os vários continentes. Todavia, na circulação e condução é preciso um comandante do navio. Um trabalho de conjunto onde todos são essenciais. O nosso país tem um novo almirante deste navio de grande porte que é a Igreja em Portugal.

 

Levantei-me… o areal foi meu companheiro deste registo fotográfico. Caminhei, os meus passos ficaram marcados na areia. As notas musicais que o mar soltava deixaram fotografias para a posteridade.

Olhei para trás… Uma onda gigante apagou as marcas na areia, mas nada voltará a ser como outrora. A normal terá um novo paradigma no futuro.

LFS

 

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