Duas áreas de intervenção da organização não-governamental para o desenvolvimento Oikos
Lisboa, 04 jan 2016 (Ecclesia) – O diretor executivo da Oikos disse à Agência ECCLESIA que vai promover projetos em sintonia com o Ano Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar e com o Ano Internacional pelo Entendimento Global, que se assinalam em 2016
João José Fernandes referiu que, no âmbito do Ano Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar, a Oikos tem em curso o projeto ‘Cidadania Ativa’ que pretende, entre outros objetivos, “fortalecer a capacidade da sociedade portuguesa, sobretudo das ONGS, na promoção da cidadania”.
O responsável pela Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) explica que o objetivo é promover a “integração setorial de políticas públicas” em Portugal no âmbito da segurança alimentar e nutricional onde o desperdício alimentar “tem lugar de destaque”.
Para João José Fernandes, Portugal ao contrário do que é característica de muitos países ditos desenvolvidos “partilha duas áreas de desperdício alimentar muito diferentes”.
“No final da cadeia nas nossas casas, que é característico de países ricos, e depois partilha com os países pobres as perdas alimentares ao nível da produção e distribuição”, exemplifica.
João José Fernandes adianta ainda que nesta proposta de desenhar políticas publicas vão lançar em março uma plataforma eletrónica de mercados de proximidade que permita fazer a “agregação entre procura de oferta” de pequenos produtores agrícolas com IPSS, escolas e famílias.
O entrevistado considera ainda que a redistribuição de sobras faz sentido porque estas “existem e porque existe necessidade de assistência alimentar”.
“Enquanto Oikos a prioridade é que não necessite de haver redistribuição de sobras porque tem alguns problemas como o impacto ambiental gerado pela superprodução”, afirmou.
Em 2016 assinala-se taqmbém o Ano Internacional do Entendimento Global, que é “desde sempre a prioridade” da Oikos enquanto ONGD de cooperação e desenvolvimento.
“Creio que assistimos a uma década, ou década e meia, em que ignoramos muitos dos conflitos que existiam no planeta, como sendo em determinadas zonas do planeta, e não percebemos que eram devidos a problemas globais e poderiam globalizar-se nos seus efeitos”, analisa João José Fernandes.
Neste contexto, destaca o fluxo migratório da África-subsariana para a Europa, “particularmente devido à luta por recursos naturais” não energéticos mas “água e alimentação”; e do Médio Oriente o resultado das “Primaveras árabes”, com guerras que tinham começado antes, onde aos radicalismos religiosos juntam-se outras explicações “ambientais e sociais de subsistência”.
Para o diretor executivo da Oikos, ninguém “pode ignorar” que os impactos estão “à porta” com os refugiados e migrantes económicos que tem tido “muitas promessas e pouca capacidade de ação” da União Europeia.
O responsável destaca a “grande vontade de contribuir” da sociedade civil, também em Portugal, mas a “burocracia e falta de recursos impede” que esta aconteça.
João José Fernandes considera que é necessário “combater o conflito cultural e religioso” que existe à escala global e “esclarecer dos dois lados” que não está em questão a religião nem a cultura mas “valores partilhados em princípio por todas as religiões e culturas”.
PR/CB