2015: Ano Europeu para o Desenvolvimento

Diretora executiva da Fundação Fé e Cooperação sublinha preocupação que deve ser de «todos»

Lisboa, 06 jan 2015 (Ecclesia) – A União Europeia reservou 2015 para a temática do “desenvolvimento”, com o lema “O nosso mundo, a nossa dignidade, o nosso futuro”.

Segundo o decreto aprovado pelo Parlamento Europeu, a iniciativa tem como objetivo “sensibilizar os Estados-membros, a sociedade civil, as autoridades locais e regionais, o setor privado, os parceiros sociais, as entidades e organizações internacionais” para a importância da luta contra a pobreza.

Nos próximos meses, vão ser colocados em cima da mesa do debate público “os resultados que a União Europeia já alcançou” nesta área, em conjunto com todos os países que a compõem.

Além de informar os cidadãos”, aquele organismo espera mobilizá-los a uma “participação direta” em torno do desenvolvimento e fomentar o seu “pensamento crítico e pensamento ativo”.

Em causa está também a promoção de um espírito “comum de responsabilidade, solidariedade e oportunidade, num mundo em mutação e cada vez mais interdependente”, pode ler-se.

Em entrevista ao Programa ECCLESIA desta segunda-feira, Susana Refega, diretora executiva da Fundação Fé e Cooperação (FEC), destacou a importância do projeto para colocar a “questão do desenvolvimento” de uma forma mais próxima das pessoas e “de uma forma que não seja codificada, mas sim na linguagem de todos”.

Isto porque esta matéria diz respeito “a todos”, não pode ser apenas preocupação do “Norte, do Sul, de alguns países”.

Para marcar da melhor forma o próximo ano, o organismo ligado à Conferência Episcopal Portuguesa vai promover diversas atividades, entre elas “uma campanha de Quaresma” com o envolvimento de várias dioceses, e uma reflexão dedicada à questão do desenvolvimento.

“O mundo está a evoluir muito rapidamente e a própria noção do que é o desenvolvimento, como é que ele se vive, como é que os comportamentos aqui na Europa influem nele e portanto no fim do ano vamos ter um seminário sobre estas questões, com especialistas desta área”, adiantou Susana Refega.

Pedro Krupenski, diretor de desenvolvimento da organização não-governamental Oikos,  destaca a oportunidade que este Ano Europeu levanta para a implementação de uma “responsabilidade partilhada” entre todos os países.

Para aquele responsável, “não faz sentido” que “num mundo global em que a pobreza já não está geograficamente localizada”, continue a existir uma “relação desequilibrada entre os que ajudam e os que são ajudados”.

Este ano vai ser um período “de transição nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, para a nova agenda pós-2015”.

Tempo ideal para as pessoas “tomarem consciência” de um projeto que, segundo Pedro Krupenski, “teve enorme mérito”, como “primeiro referencial alguma vez existente”, em termos da “luta contra a pobreza”, e que “reuniu tanto consenso”.

“Apesar de tudo, tinha algumas fragilidades”, que “levaram a que a maior parte das pessoas percecionassem esses objetivos como um elencar de soluções a implementar pelos outros, em particular pelos Estados e instituições, para resolver problemas dos outros, ou seja dos pobres do Sul” e está a tentar-se “inverter um pouco essa lógica”, frisou ainda.

HM/JCP

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Agência ECCLESIA

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