Padre Federico Lombardi passa em revista o ano do Papa Francisco
Cidade do Vaticano, 31 dez 2014 (Ecclesia) – O porta-voz do Vaticano escolheu como acontecimentos centrais no último ano de pontificado o Sínodo extraordinário sobre a família, as cinco viagens internacionais e as denúncias contra as perseguições no Médio Oriente.
O padre Federico Lombardi disse à Rádio Vaticano que o Sínodo, cuja segunda etapa vai decorrer em outubro de 2015, é a “principal” iniciativa pastoral e eclesial proposta por Francisco, até agora.
“É uma iniciativa muito corajosa, porque o Papa colocou sobre a mesa temas inclusive difíceis, delicados, mas, era algo realmente necessário”, declarou.
O responsável recorda a “situação absolutamente dramática” no Médio Oriente que tem merecido várias intervenções de Francisco em defesa de milhões de pessoas, “cristãos e não só”, que tiveram de fugir das suas casas, bem como luta do Papa contra a escravatura e o tráfico de pessoas.
Em relação às cinco viagens internacionais realizadas em 2014 (Terra Santa, Coreia do Sul, Albânia, Estrasburgo e Turquia), o diretor da sala de imprensa da Santa Sé sublinhou o diálogo ecuménico e inter-religioso, para além das mensagens deixadas em nações “onde a história da Igreja é caraterizada pelo martírio”.
O padre Federico Lombardi fala da passagem de poucas horas pela cidade francesa de Estrasburgo, com discursos do Papa no Parlamento Europeu e no Conselho da Europa, como um momento “fundamental” para compreender o que Francisco quer dizer ao Velho Continente.
A revista do ano incluiu uma referência à canonização dos Papas João Paulo II e João XXIII e à beatificação do Papa Paulo VI, “grandes acontecimentos” que têm como denominador comum “a atualidade do Concílio Vaticano II”.
O sacerdote jesuíta falou também do projeto de reforma da Cúria Romana, “parte de um projeto de renovação muito mais amplo que o Papa formulou na Exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’: de uma Igreja em saída, missionária”.
“Para o Papa o coração de qualquer reforma é interior: as reformas partem do coração, é dali que é preciso partir para renovar ou curar”, precisa.
Segundo o padre Federico Lombardi, a expressão “cultura do encontro” é aquela que melhor caracterizara o ano do Papa.
“O Papa Francisco tem precisamente esta atitude, um modo de se relacionar com os outros como pessoa que se encontra com outras pessoas e que coloca profundamente em jogo a sua vida e o seu ser, procurando que o outro, o seu interlocutor, se coloque em jogo a si mesmo”, observou.
Neste contexto, o porta-voz do Vaticano deu como exemplos a aproximação ao patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I (Igreja Ortodoxa) ou as recentes declarações dos presidentes de Cuba e dos Estados Unidos da América, após o restabelecimento de relações diplomáticas, agradecendo a intervenção do Papa.
“Por detrás da expressão ‘cultura do encontro’, vejo esta abordagem de ir em direção ao outro, em muitas dimensões – a religiosa, a espiritual, também as de caráter ecuménico ou político -, que revela uma caraterística deste pontificado”, concluiu.
A mais recente edição do Semanário ECCLESIA, com acesso livre, apresenta um balanço do ano 2014 no que diz respeito à Igreja Católica.
OC