2013: Solidariedade, união e esperança

Combate ao défice está a deixar marcas «irreparáveis», diz presidente da Cáritas Portuguesa

Lisboa, 02 jan 2013 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas considera que o combate ao défice orçamental de Portugal está a deixar “destroços que serão irreparáveis” no tecido social.

“Desejo muito que 2013 não seja aquilo que está anunciado”, afirmou Eugénio Fonseca no programa 70X7 emitido este domingo na RTP-2, depois de chamar a atenção para o “sofrimento” infligido em 2012 a pessoas que estão a ficar “totalmente desalentadas”.

Para o economista João César das Neves o ano passado foi “o mais difícil” do “processo de ajustamento” da economia e 2013 vai ser marcado pela “continuação” desse esforço, embora “talvez” seja possível “algum crescimento”.

Se as projeções mais otimistas se concretizarem, Portugal enfrentará “três anos de dificuldades” [2011 a 2013], seguidos de “um certo alívio”, o que é “barato” tendo em conta os “disparates” cometidos no país, referiu o docente universitário.

“Depois dos enormes erros cometidos ao longo dos últimos 15 anos, ninguém podia dizer que poderia ser mais barato e mais fácil do que está a ser”, apontou, antes de vaticinar “mudanças a sério no Estado” em 2013, “ano que, começando negro, talvez acabe mais benéfico”.

[[v,d,3693,]]A presidente da Fundação Pro Dignitate, Maria Barroso, realçou a urgência de juntar forças e deixar de colocar as finanças no topo das prioridades: “Se fizermos um esforço grande no sentido de nos unirmos todos e não estivermos só apegados aos números, ao dinheiro e aos mercados, então poderemos vencer as dificuldades”.

No “juízo final” Deus vai avaliar a solidariedade face às pessoas mais carenciadas, assinalou o padre Anselmo Borges, que recordou as palavras atribuídas a Jesus na Bíblia de que se não se pode “servir a Deus e ao dinheiro”.

Importa “crescer mais na consciência de uma única sociedade” e “dar as mãos, acabando com pequenos grupos e partidos para pensarmos na pessoa humana e darmos-lhe dignidade”, salientou por seu lado D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e principal responsável ao nível dos bispos católicos pelos organismos de apoio social da Igreja.

O anterior reitor da Universidade Católica Portuguesa, Manuel Braga da Cruz, pensa que em 2013 é “muito importante” que os portugueses retomem a “confiança” na sua “capacidade de vencer desafios e obstáculos”.

A par do reforço da “capacidade inventiva” e “empreendedora” é necessário dar precedência a “uma atitude de grande solidariedade com aqueles que estão em dificuldade”, sem esquecer a “contenção e parcimónia” nos gastos, dado que o país “viveu acima dos seus recursos nos últimos anos”, frisou.

Paulo Rangel, deputado do Parlamento Europeu, chama a atenção para a necessidade de “diálogo” e “solidariedade” entre os países do Velho Continente, não omitindo a “responsabilidade” que cabe aos estados que “nem sempre administraram bem o seu património”.

O responsável pelo Instituto Padre António Vieira, Rui Marques, destacou a necessidade de envolver Portugal num “espírito positivo”, enquanto que Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura, ressaltou a importância da esperança.

“No meio da dificuldade, da exiguidade e da dor”, 2013 “tem de ser um ano para redescobrir o valor da esperança”, sublinhou também o padre José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

70X7/RJM

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Agência ECCLESIA

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