D. Virgílio Antunes fala em «tentativas votadas ao fracasso» de quem não tem em conta a pessoa
Coimbra, 02 jan 2013 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra afirmou haver responsabilidades individuais no entrave à construção da paz, atribuindo esta realidade a pessoas “escravas” do poder, de “máquinas partidárias, dos lóbis, da opinião comum ou das ideologias”.
“As ameaças à paz não nascem espontaneamente das estruturas da sociedade, como se de realidades autónomas se tratasse; são fruto das opções livres das pessoas” disse D. Virgílio do Nascimento Antunes na homilia da missa da solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, assinalada no primeiro dia do ano.
Os que detêm na sociedade a autoridade e o poder de decisão, “tanto ao nível social, como político ou económico”, incluindo os que “não ocupando papéis de grande relevo no tecido social, decidem diariamente no âmbito da vida familiar, laboral, social, conduzidos pela cultura dominante, marcada pela busca exclusiva do bem individual e pelo desprezo do bem comum”, são também responsáveis, segundo o bispo, pela “sociedade agressiva, intolerante, escrava de interesses particulares”.
A pobreza e a fome, as agressões à vida humana, as divisões familiares, a violência doméstica, a insegurança, o uso da força e o roubo ou as mais variadas desordens sociais são, para o bispo de Coimbra os “grandes dramas” da sociedade atual fruto da “ausência de uma cultura de paz”.
D. Virgílio Antunes criticou as tentativas de construção da paz, a que se assiste “inclusivamente na sociedade portuguesa” e que estão “votadas ao fracasso”.
“Se não têm em conta acima de tudo a pessoa humana, e o respeito por todas as suas dimensões, a começar pela sua vida integral, não correspondem a uma séria procura da paz”, disse o responsável pela Diocese de Coimbra na celebração do Dia Mundial da Paz, assinalado desde 1967 por iniciativa do Papa Paulo VI.
Para o prelado, a única ação humana verdadeiramente construtora de paz está marcada pelo amor gratuito “em que cada pessoa é um dom para a outra pessoa”.
“Demos ao mundo a fé cristã e os seus valores da verdade, do amor e da justiça, pois esse é o nosso contributo para a construção da paz”, pediu D. Virgílio Antunes.
LS