2010 foi ano histórico para a Igreja em Portugal

Visita de Bento XVI destaca-se no balanço feito pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considera que o ano de 2010 vai ficar marcado pela visita de Bento XVI ao nosso país, um acontecimento que classifica como “histórico”.

Em entrevista à ECCLESIA, D. Jorge Ortiga assinala que esta visita “serviu para que desaparecessem clichés” sobre Bento XVI e “crescesse o amor ao Papa, determinante para acolher a sua mensagem”.

O arcebispo de Braga refere que o convite da CEP “coincidiu também com a vontade do Papa em ser peregrino de Fátima”, dando origem à viagem que decorreu entre 11 e 14 de Maio.

A este respeito, D. Jorge Ortiga diz que “Fátima tem uma dimensão de anúncio, em nome de Deus, para toda a sociedade”.

Ainda recordando as intervenções de Bento XVI, o arcebispo de Braga refere que “é necessária uma presença muito concreta nos variados âmbitos da sociedade: na cultura, na escola, na universidade e outros lugares”.

“Nós já soubemos estar, já soubemos ser fermento na sociedade e que talvez hoje tenhamos centralizado a acção da Igreja dentro dela própria”, considera.

Para o presidente da CEP “há alguns leigos e padres que «clericalizam» a pastoral, centralizando tudo na pessoa do padre ou do bispo”, em vez de “unir as diversidades de pessoas, de competência e de funções”.

O ano que passou foi ainda marcado, a nível eclesial, pelos casos de abuso sexual de menores por parte de membros do clero, com D. Jorge Ortiga a afirmar que “o Santo Padre foi extremamente feliz, quando veio a Portugal, ao reconhecer que o pecado está dentro da Igreja”.

“São situações que envergonham e entristeçam a Igreja. Esperemos que seja uma situação ultrapassada, que os casos de abuso não se repitam e exista maior cuidado na preparação e formação para o sacerdócio”, afirma.

Os casos foram conhecidos em pleno Ano Sacerdotal, que terminou a meados de 2010, iniciativa que, para D. Jorge Ortiga, não foi “devidamente preparada”.

Sobre o centenário da República, em Portugal, o presidente da CEP lamenta que não tenham existido conclusões “a respeito do exercício da democracia, vendo o que a supõe e como deveria ser exercida, quais as exigências da «re-pública», da coisa pública.

“Este centenário poderia ser uma oportunidade para analisar, por exemplo, o que faz, e como faz, o Parlamento”, refere.

Para o arcebispo de Braga, “a democracia participativa não se pode limitar ao dia do voto, expresso muitas vezes sem conhecimento do programa, da ideologia do partido.

Em relação ao ano europeu do combate à pobreza e à exclusão social, D. Jorge Ortiga critica a ausência de “iniciativas concretas para a verdadeira erradicação da pobreza, com o compromisso dos Estados”.

Ao passar em revista os acontecimentos do ano 2010, o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa fala em novo momento civilizacional e alerta contra tendências conservadoras apegadas ao passado e afirma a necessidade da Igreja «sair das sacristias», desafiando os católicos à coerência na vida política “sacrificando mesmo o carreirismo”.

A entrevista a D. Jorge Ortiga pode ser lida integralmente no portal da Agência Ecclesia e vista no programa ECCLESIA (RTP2, 18h00) do próximo dia 29, Terça-feira.

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Agência ECCLESIA

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