2004 – Propósito de renovação e de paz

Mensagem de Ano Novo de D. António Marcelino, bispo de Aveiro Mensagem de Ano Novo Não me permitem as limitações de saúde a que estou ainda sujeito poder estar convosco esta noite, como é habitual. Quero, no entanto, manifestar a minha comunhão com todos, através de uma mensagem breve que possa, neste início de um novo ano, ajudar a viver na alegria da fé e na total confiança em Deus, nosso Pai, e numa crescente responsabilidade por um mundo mais humano e fraterno. – Um ano novo que começa pode ser marcado por aquilo que todos nós dizemos, às vezes sem grande propósito nem convicção: Ano novo, vida nova. Esta palavra comporta sempre um apelo de mudança para melhor. Todos temos aspectos da nossa vida pessoal, familiar e social que sabemos que podem e devem melhorar. Porque esperamos? Não se muda a vida para melhor com simples desejos ou querendo tudo ao mesmo tempo. Temos de concretizar: melhorar, em quê? Depois, com o auxílio da graça de Deus e a nossa vontade efectiva conseguimos sempre algo de positivo. O tempo não se repete. Um novo ano é uma nova oportunidade que podemos aproveitar ou perder; por isso, ele é um dom de Deus a cada um. Ninguém vive em vez de ninguém, mas sim por uma graça pessoal e intransmissível que nos responsabiliza no que somos e podemos ser, no bem que fazemos ou deixamos de fazer. – Em cada ano e em cada dia, o desejo que todos nós mais exprimimos, nesta altura, é que haja paz. Foi o propósito expresso pelos anjos no nascimento de Cristo: paz na terra para todos os que Deus ama e nEle procuram luz e força para o seu dia-a-dia. A paz conquista-se, constrói-se, depende do esforço sério de cada um. Por isso mesmo, é preciso educar para a paz. Às vezes esquecemos esta verdade e pensamos só nos governantes dos povos, como se eles fossem os únicos obreiros da paz ou da guerra. A guerra e paz está no coração de cada pessoa, de cada um de nós. O Papa faz neste ano um apelo aos educadores dos jovens para que formem as consciências da gente nova para a compreensão e para o diálogo. Sem estes não há paz possível. O apelo dirige-se, como é óbvio, aos pais, avós e irmãos mais velhos, aos professores e outros educadores, aos catequistas e educadores da fé, aos animadores juvenis, aos chefes do escutismo, a todos quantos têm responsabilidades na formação das novas gerações. E, de algum modo, todos temos essa responsabilidade. Vivemos num tempo de agressividade e reivindicação, onde todos julgam só ter direitos; onde só os outros erram; onde perdoar e desculpar parece uma humilhação; onde a tolerância é só para algumas coisas; onde tentar compreender e entrar no mundo do outro é perder tempo; onde as falhas morrem sem que haja quem as assuma; onde dialogar é apenas pôr o outro de acordo connosco; onde a indiferença se vai tornando lei; onde os valores se reduzem ao dinheiro, ao prestígio, ao gozo pessoal. Daí a guerra no interior das pessoas, no seio das famílias, nos lugares de trabalho, na convivência social. Só pela educação com novos valores se pode contrariar este clima tão negativo. Nós, os cristãos, não podemos deixar de assumir, como prioritária e permanente, a educação para a paz, que o é também para a solidariedade, para os direitos humanos fundamentais, para a responsabilidade na construção do bem comum. Aqui vos deixo, queridos diocesanos, um caminho acessível e urgente. Ajudemo-nos uns aos outros a andá-lo. Para todos e para todas as famílias da Diocese, um Ano 2004 de graça e de paz! António Marcelino, bispo de Aveiro

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