Igreja em campanha pelo desarmamento Mais de 17 milhões de armas de fogo circulam no Brasil. Destas, 51 por cento estão ilegalmente na posse de criminosos ou de particulares que não têm porte de arma. São dados de um estudo realizado com o apoio da Organização das Nações Unidas que será apresentado no próximo mês de Julho no quadro de uma conferência sobre controlo de armas, em Nova Iorque. A investigação revela que as armas legais estão nas mãos de civis (cerca de metade), polícias, militares, magistrados, coleccionadores, caçadores e seguranças. O país é o primeiro na lista, a nível mundial, com mais mortes causadas por armas deste tipo. Todos os dias, duas crianças são hospitalizadas na sequência de lesões provocadas por armas – são mesmo a principal causa de hospitalização de meninos até aos 14 anos. Em 2002, no Brasil, as balas mataram 38.088 pessoas. Ao longo desse ano, 19.519 indivíduos feridos deram entrada nos hospitais: 42 por cento tinham entre 15 e 24 anos de idade. Está em curso, em todo o país, uma campanha de desarmamento: desde Julho de 2004 já foram recolhidas 300 mil armas de fogo. O Ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, escreveu à CNBB para agradecer o apoio da Igreja para o sucesso da campanha até ao momento. A Campanha de Desarmamento realizada em todo o Brasil espera recolher até Junho – quando termina a campanha – 500 mil armas de fogo. O site da CNBB (www.cnbb.org.br)contém o texto que orienta sobre os procedimentos básicos para a participação na Campanha de entrega voluntária de armas, que tem como lema: “Acabe com a sua arma antes que ela acabe com você”. A CNBB manifesta a sua aprovação para com este empreendimento porque ele “contribui para a promoção da paz”. O ministro Márcio Thomas Bastos indica que a campanha foi prorrogada até o dia 23 de Junho, tendo em vista a grande adesão da população à iniciativa, “que tem como um de seus objectivos reduzir o número de homicídios cometidos por meio da diminuição do número de armas no nosso País”. Bastos explicou que nesta nova fase da campanha se quer “dar seguimento à disseminação de uma cultura de paz na nossa nação, com ênfase na interiorização das acções, para a qual a colaboração da Igreja Católica terá grande importância, como tem tido desde o início da Campanha”.