150 fotografias pelo Darfur

Darfur Darfur é o retrato do sofrimento no Sudão. Uma exposição de 150 fotografias que está a correr o mundo. Fotografias dos dramas que sete fotógrafos testemunharam no local. Nova Iorque, Toronto, Estocolmo e Roterdão foram palcos que anteriormente acolheram o trabalho fotográfico. A Gare do Oriente, em Lisboa, é até ao dia 9 de Dezembro o local para testemunhar o que as máquinas fotográficas captaram. Salih Mohmoud Osman, advogado sudanês, vencedor do Prémio Sakarov recorda que cinco anos após o início do conflito no Sudão, três milhões de pessoas estão refugiadas, mais de cinco milhões de pessoas foram afectadas. O número de vítimas mortais aponta para mais de 500 mil e para a destruição de vilas inteiras. “Os massacres acontecem em frente aos familiares das vitimas”, recorda aquele que no dia a dia trabalha pelos direitos humanos e pela dignidade dos africanos. O vencedor do Prémio Sakarov – a receber dia 11 em Estrasbougo – encontra-se em Portugal para, numa iniciativa da Plataforma Por Darfur, chamar a atenção para o real sofrimento dos sudaneses. “A Europa tem também responsabilidade, não apenas os EUA”, aponta, acrescentando eu enquanto membros da Comunidade Internacional e enquanto indivíduos “não podem olhar para o lado e negar o sofrimento”, num país onde reina a “impunidade e a lei doméstica”. Na Presidência da União Europeia e ao preparar a Cimeira Europa/África, que se realiza em Lisboa, nos dias 8 e 9 de Dezembro, Portugal não pode deixar de colocar na agenda a questão do Darfur. “Qualquer outra questão será fútil. Sem os direitos humanos não haverá qualquer outra cooperação entre Europa e África”, afirma Salih Mohmoud Osman. A defesa dos direitos humanos e da dignidade humana é um dos problemas mais complicados em África. “Esta dignidade é inexistente em muitos locais”, mas apesar do risco de vida que corre, sublinha a importância de conceber os direitos humanos como uma “responsabilidade moral de todos”. D. Daniel Adwok, bispo auxiliar do Sudão, denuncia o interesse político, económico e o domínio que o governo do Sudão quer. “O governo tem interesse no terreno, por isso ignora o sofrimento das pessoas”, indica. Apenas isto justifica o desinteresse do sofrimento das pessoas. O Bispo sudanês deslocou-se também a Portugal para denunciar o drama real do refugiados no Darfur. “Enquanto em Nova Iorque ou nas Nações Unidas se discute esta questão, ninguém controla as milícias”, acusou. Helene Caux contou através da sua máquina fotográfica o sofrimento que testemunhou no Darfur. Esta fotógrafa quer dar a conhecer à Europa e aos países ocidentais que há pessoas no mundo que sofrem todos os dias, “pessoas que viram as suas famílias massacradas, bombardeadas e atacadas pelas milícias, e vivem em campos nos últimos cinco anos”, afirma à Agência ECCLESIA. A fotografia é uma linguagem universal e Helena Caux vê aqui uma forma de transmitir aos políticos e ao público em geral uma realidade, que a Comunidade Internacional não tem conseguido resolver. “Mas isto não significa que não possamos continuar a falar sobre isto”, pois aponta que o calar e o esquecer “não alertam consciências”. Helene Caux não esquece o que a sua máquina fotográfica viu em 2004. Na fronteira do Chade, quando os refugiados do Darfur eram empurrados pelos bombardeamentos e pelos ataques das milícias, Helene fotografou duas mulheres apanhadas no meio do ataque. “O seu rosto mostra uma coragem e uma capacidade para não desistir de qualquer esperança de regressar e retomar as suas vidas”, apesar dos massacres e das suas famílias terem sido atacadas, “e mesmo que alguma tenha sido atacada e violada”. Esta é uma das 150 fotografias disponíveis na exposição. Apesar dos traumas por que passaram, Helena Caux recorda a dignidade e a coragem das pessoas no Darfur. Por isso acrescenta que qualquer fotografo ou jornalista que se desloque ao território apenas pode “prestar homenagem às pessoas através das fotografias e texto”. Mais informações em www.pordarfur.org

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